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Claúdio Salles

Claúdio Salles

MANIFESTO DOS COORDENADORES DOS INSTITUTOS NACIONAIS DE CIÊNCIA TECNOLOGIA E INOVAÇÃO (INCT) EM DEFESA DA CT&I E DAS AGENCIAS FEDERAIS DE FOMENTO À PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLOGICA

 

A CAPES e o CNPq foram criados em 1951 com missões especificas. O CNPq é responsável por fomentar a Ciência, a Tecnologia e a Inovação, e atuar na formulação de suas políticas, contribuindo para o avanço das fronteiras do conhecimento, o desenvolvimento sustentável e a soberania nacional. A CAPES, por outro lado, tem a missão de "assegurar a existência de pessoal especializado em quantidade e qualidade suficientes para atender às necessidades dos empreendimentos públicos e privados que visam ao desenvolvimento do país". Na década seguinte foi criada a FINEP com a missão de promover o desenvolvimento econômico e social do Brasil por meio do fomento público à Ciência, Tecnologia e Inovação em empresas, universidades, institutos tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas. As missões do CNPq, CAPES e FINEP são distintas e complementares, pois o CNPq atua prioritariamente no apoio aos pesquisadores individualmente em todos os níveis e aos estudantes de ensino médio e de graduação – através dos exitosos programa de iniciação científica – e pósgraduação. A CAPES é prioritariamente focada no apoio às pós-graduações das Instituições de Ensino Superior, enquanto a FINEP apoia projetos de infraestrutura e grandes equipamentos em Instituições de Ciência e Tecnologia, públicas e privadas, bem como a inovação em empresas. Em resumo, a manutenção do CNPq, CAPES e FINEP cumprindo as suas respectivas missões é fundamental para o desenvolvimento Educacional, Científico e Tecnológico do Brasil. Em 2008 o CNPq liderou a criação de uma iniciativa abrangente, os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, em alinhamento com as Áreas Estratégicas da Política Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação com a participação direta da CAPES e em parceria com as Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa e a FINEP, gestora do FNDCT. Naquela época o Programa INCT envolveu 125 projetos distribuídos em todas as regiões do País. Dele participam 6.794 pesquisadores e 1.937 instituições associadas a pesquisas em temas de fronteira. A produção científica dos INCTs revelou-se expressiva, totalizando 70.389 registros, entre livros (905), capítulos de livros (4.255), artigos publicados em periódicos nacionais indexados (7.995), artigos publicados em periódicos internacionais indexados (26.215), trabalhos apresentados em congressos nacionais (21.043), trabalhos apresentados em congressos internacionais (14.261), softwares (242), produtos (1.845), processos (130) e produções artísticas (88) Outro impacto bastante relevante é a cooperação nacional. Foram realizadas 454 parcerias com outros INCTs, 167 acordos com instituições nacionais; além disso, 263 laboratórios nacionais estão associados aos INCTs. Por outro lado, foram celebrados pelos INCTs 787 acordos de cooperação internacional, houve a participação de 1.318 pesquisadores estrangeiros nas pesquisas, 139 empresas e 376 laboratórios internacionais. Com relação à propriedade intelectual, foram registrados 578 depósitos de patentes, 265 concessões e 12 já comercializadas. Na cadeia de inovação destaca-se a geração de conhecimentos com potencial aplicação tecnológica, sendo 63 provas de conceito, 54 projetos piloto, 38 escalonamentos além da bancada, 51 ações em desenvolvimento final de processo ou produto, dentre outros. O impacto envolvendo a formação de recursos humanos e a transferência de conhecimento pode ser dimensionado com a criação de 566 disciplinas em 79 programas de pós-graduação a realização de 1.568 eventos científicos, as 111 parcerias estabelecidas com órgãos estaduais de educação e as 4.232 iniciativas de divulgação, envolvendo vídeos, jornais, cursos, palestras, cartilhas etc. Sem dúvida, uma iniciativa de grande sucesso!!!. A segunda fase dos INCTs foi formalizada em 2016, com liberação de recursos em dezembro de 2016. Atualmente, são 102 INCTs com presença em todas as regiões do País atuando em áreas altamente estratégicas tais como: Saúde, Ecologia e Meio Ambiente, Ciências Exatas e Naturais, Ciências Humanas e Sociais, Ciências Agrárias, Engenharia e Tecnologia da Informação, Energia e Nanotecnologia. Nesse sentido, os Coordenadores dos INCTs manifestam-se pela restauração do orçamento, pela eliminação do contingenciamento de recursos e pela preservação do CNPq, CAPES e FINEP, instituições que, no âmbito federal, foram responsáveis pela consolidação da Pós-Graduação e pelo desenvolvimento cientifico e tecnológico que levaram o Brasil à posição de destaque no cenário mundial de CT&I. A fusão ou a extinção de Agências representará uma ação temerária, irreversível e um sério prejuízo para o desenvolvimento da nossa nação. Em defesa da C,T&I no Brasil!

Assinam o Manifesto os Coordenadores dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia.

Adalberto Val, INCT Adapta Afonso Luis Barth,- INCT – INPRA Alvaro Toubes Prata, INCT-Refrigeração e Termofísica Amauri Alcindo Alfieri, INCT - Leite Anderson Gomes, INCT Fotônica Antonio Carlos Campos de Carvalho - INCT-REGENERA. Antonio Martins Figueiredo Neto, INCT de Fluidos Complexos Augusto Cesar Alves Sampaio, INCT de Engenharia de Software (INES) Belita Koiller, INCT de Informação Quantica Carlos Morel, INCT-IDPN Celio Pasquini, INCTAA - Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas Charbel El-Hani, INCT IN-TREE Carisi A Polanczyk, INCT para Avaliação de Tecnologias em Saúde Deisy de Souza, INCT-ECCE Diogo Souza - INCT Doenças Cerebrais, Excitotoxicidade e Neuroproteção Edgar Carvalho, INCT-DT (Doenças Tropicais) Elibio Leopoldo Rech Filho, INCT Biologia Sintética Eliezer J. Barreiro, INCT INOFAR Euripedes Constantino Miguel, INCT de Psiquiatria do Desenvolvimento (INPD) Evaldo Mendonça Fleury Curado, INCT-SC Fabio Kon, INCT da Internet do Futuro para Cidades Inteligentes Fernando Galembeck, INCT Inomat Fernando José Gomes Landgraf, INCT Terras Raras Fernando Lázaro Freire Junior, INCT Engenharia de Superfícies Helio Leães Hey, INCT Geração Distribuída de Energia Elétrica Henrique Krieger, INCT sobre Epidemiologia da Amazonia Hernandes F Carvalho, INCT-INFABiC Jailson Bittencourt de Andrade, INCT de Energia e Ambiente Jefferson Cardia Simões, INCT da Criosfera Jerson Silva, INCT de Biologia Estrutural e Bioimagem José Alexandre Felizola Diniz Filho, INCT Ecologia, Evolução e Conservação da Biodiversidade João B. Calixto, INCT-INOVAMED José Krieger, INCT-MACC José Luiz Rezende Pereira, INCT de Energia Elétrica - INERGE José Marengo, INCT Mudanças Climáticas Fase 2 José Maria Landim Dominguez, INCT AmbTropi José Roberto Postali Parra, de Semioquímicos na Agricultura Jorge Elias Kalil Filho, INCT de Investigação em Imunologia Lauro Tatsuo Kubota, INCT de Bioanalítica Leonardo Avritzer, INCT- da Democracia e da Democratização da ComunicaçãoLuisa Massarani, INCT de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia Luiz Goulart, INCT-Teranano Luiz Nicolaci da Costa, Coordnador INCT do e-Universo Luisa Massarani, INCT de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia Marcel Bursztyn, INCT Observatório das Dinâmicas Socioambientais Marco Henrique Terra, INCT - Sistemas Autônomos Cooperativos Marcos Buckeridge, INCT do Bioetanol Marcos Pimenta, INCT Nanomateriais de Carbono Maria Fátima das Graças Fernandes da Silva, INCT-CBIPF Maria Fatima Grossi de Sá, INCT - Plant Stress Biotech Maria Valnice Boldrin, INCT-DATREM Mariangela Hungria - INCT- (MPCPAgro) Mario José Abdalla Saad, INCT Obesidade e diabetes Maria Vitória Lopes Badra Bentley - INCT Nanofarma Mário Lúcio Vilela de Resende, INCT do Café Mauro Teixeira, INCT em Dengue Mayana Zatz, INCT Envelhecimento e Doenças Milton Porsani, INCT de Geofísica do Petróleo Niro Higuchi, INCT - Madeiras da Amazônia Otavio Franco, INCT Bioinspir Paulo Arruda - INCT- Centro de Química Medicinal de Acesso Aberto Paulo Teixeira de Sousa Júnior, INCT-Áreas Úmidas Pedro Lagerblad de Oliveira, INCT Entomologia Molecular Poli Mara Spritzer, INCT em Hormônios e Saúde da Mulher Reinhardt Fuck, INCT Estudos Tectônicos Renato Boschi, INCT PPED Ricardo Gazzinelli, INCT-Vacinas Roberto Esser dos Reis, INCT Forense Roberto Giugliani, INCT -INAGEMP Roberto Kant de Lima, INCT – InEAC Roberto Lent, O INNT - Neurociência Translacional Roberto Mendonça Farias, NCT de Eletrônica Orgânica Rochel Montero Lago, INCT Midas Sebastião C. Velasco e Cruz, INCT Ineu, Estudos sobre os Estados Unidos Sebastião Valadares, INCT de Ciência Animal Sergio de Azevedo, INCT Observatório das Metrópoles. Takeshi Kodama, INCT-FNA, Física Nuclear e Aplicações Vanderlan Bolzani, INCT BioNat Vanderlei S. Bagnato - INCT em Óptica Básica e aplicada as ciências da vida Vilma Regina Martins, INCT de Oncogenômica e Inovação Terapêutica Wagner Farid Gattaz, INCT de Biomarcadores em Neuropsiquiatria (INBioN) Wilson Gomes, INCT de Ciência & Tecnologia em Democracia Digital Wilson Savino, INCT de Neuroimunomodulação

A Universidade Federal Fluminense e o Laboratório Escolar de Pesquisa e Iniciação Científica realizam em São Gonçalo - RJ, nessa sexta, dia 30 de agosto de 2019, o II  Seminário Escolar de Pesquisa e Iniciação Científica, que tem o apoio e conta com pesquisadores do INCT INEAC participando da organização do evento.

 II Seminário Escolar de Pesquisa e Iniciação Científica

Programação:

• Mesa de apresentação dos resultados parciais e finais dos trabalhos desenvolvidos pelos bolsistas PIBIC Ensino Médio.

➢ Apresentações (bolsistas): Bruno Vianna, Gabriela de Oliveira, Jean Lucas Mangueira, João Victor Felix, Matheus Silva, Paula Carvalho e Rafaela Lima.

➢ Comentários: Roberto Kant de Lima, Yuri Motta e Lucas Ribeiro Rocha.

➢ Mediação: Marcos Verissimo

Local: Auditório do Colégio Estadual Walter Orlandini, Rua Francisco Portela, 794, Paraíso, Sâo Gonçalo (RJ). Horário: 14:00 às 16:00.

 

O site do INEAC reproduz aqui entrevista de João Vitor Santos, publicada no Instituto Humanitas Unisinos, com a antropóloga Ana Paula Mendes de Miranda (UFF), pesquisadora também vinculada ao INCT/INEAC.

 

Da fabricação do medo ao voto de cabresto: estratégias das milícias no avanço sobre o Estado. Entrevista especial com Ana Paula Mendes de Miranda

O episódio da semana passada, quando Willian Augusto da Silva, de 20 anos, foi morto depois de ter feito reféns os passageiros de um ônibus em plena Ponte Rio-Niterói, trouxe novamente para a pauta do dia o debate sobre a violência na cidade do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense. Tida como uma ação exitosa da polícia, o caso chegou a ser usado pelo governador do Rio, Wilson Witzel – que quando soube da morte do sequestrador e da liberação das vítimas pousou de helicóptero no meio da Ponte e saiu vibrando como quem marcara um gol –, como pretexto para discutir a legislação para que policiais “abatam” (na linguagem dele) criminosos. Para a socióloga e antropóloga Ana Paula Mendes de Miranda, essa é uma estratégia, uma “cortina de fumaça”, para inebriar o principal debate acerca da violência: “a principal causa de violência no Rio de Janeiro é o crescimento das milícias. O tráfico de drogas hoje já não é mais tão lucrativo assim, por uma série de razões”, aponta.

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, a professora explica que o tráfico de drogas mudou muito e o “negócio” não é mais tão lucrativo quanto foi no passado. Enquanto isso, a milícia vai se organizando tanto no fornecimento de serviços, públicos e privados, que não chegam à periferia, quanto na associação com o próprio tráfico. “A milícia é um grupo paramilitar formado por pessoas da ativa ou não”, explica. Composta por ex-policiais, às vezes expulsos das corporações por crimes, o grupo é bem diversificado, contendo ainda “membros do corpo de bombeiros, guardas municipais, agentes penitenciários, pessoas das forças armadas” e, em alguns casos, agindo em cooperação com o tráfico. “A milícia é a privatização da segurança. É a institucionalização da privatização da segurança”, resume a professora.

Ana Paula ainda observa que, embora façam a gestão de serviços extremamente lucrativos, o capital da milícia é outro. “A fabricação do medo; é essa mercadoria que está sendo negociada o tempo todo. As pessoas que se recusam a pagar as taxas que eles cobram são assaltadas, coagidas ou mortas por eles”, ressalta. E isso se dá porque há uma confusão entre proteção e segurança. “A proteção é um bem comerciável: eu vendo e quem tem dinheiro compra. A segurança, que deveria ser o objetivo da política, é um bem intangível, não é negociável. Segurança ou todo mundo tem ou ninguém tem. Não tem como eu ter segurança e o morador da favela não ter, porque segurança é um bem coletivo”, esclarece.

E na gestão do produto que esses mesmos grupos produzem, as milícias vão se alastrando sobre o tecido social, indo do poder de polícia ao poder político. “As milícias já assumiram uma força política no Estado. Eu não diria que a milícia vai controlar o Estado; ela já controla. A morte de Marielle [Franco] é um exemplo claro de como eles já controlam o Estado”, dispara. É por isso que Ana Paula não se diz surpresa com o sucesso de determinados políticos dada a proximidade deles com os milicianos. “A população, coagida pelo medo, vai votar para não sofrer represálias. As milícias são hoje o voto de cabresto contemporâneo, indiscutivelmente; isso já é um fato”, resume.

Ana Paula Mendes de Miranda é graduada e licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense - UFF, doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo - USP. Atualmente, é professora associada do Departamento de Antropologia e professora do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia e do Mestrado Acadêmico em Justiça e Segurança, ambos da UFF. Exerce também os cargos de coordenadora do Curso de Especialização em Políticas Públicas de Justiça Criminal e Segurança Pública e de coordenadora adjunta dos Programas Profissionais da área de Antropologia e Arqueologia (CAPES) e, igualmente, de coordenadora geral do projeto de P&D “Mapa de percepção de riscos: Metodologia multimétodo para análise de territorialidades afetadas pelo domínio armado”. O resultado do trabalho desse projeto está sendo lançado num livro com o mesmo nome, pela editora Autografia, organizado conjuntamente com as professoras Jacqueline de Oliveira Muniz e Roberta de Mello Corrêa.

 

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Qual a sua leitura sobre os desdobramentos do sequestro ao ônibus na ponte Rio–Niterói?

Ana Paula Mendes de Miranda – Preciso esclarecer que como eu não estava no Rio de Janeiro no dia do sequestro, estava em Brasília, não acompanhei todo o caso, como ocorreu na ocasião do ônibus 174, que acompanhei bastante. Então, acompanhei esse último caso mais tardiamente, e não em tempo real. Para nós, que somos pesquisadores, isso faz diferença.

Dito isso, destaco um aspecto que não foi muito explorado neste caso. Simultaneamente ao sequestro, estava ocorrendo uma operação policial na Cidade de Deus, que teve a utilização de bombas: os policiais jogavam bombas de gás lacrimogênio a partir do helicóptero. Temos aí uma questão ligada à política de segurança que é a legitimação de táticas e estratégias operacionais que são alvo de questionamento por parte da população e que, muito provavelmente, precisariam ser repensadas e revistas.

Aí, no caso do ônibus, tem uma coisa muito importante: falou-se muito que esta operação seguiu os protocolos. Os pesquisadores que atuam nesta área sabem que este é um dos principais problemas da polícia no Brasilnão há protocolos claros seguidos regularmente pelas instituições policiais. Esse é um aspecto sobre o qual precisamos pensar, porque quando se fala de protocolos, internacionalmente, trata-se de uma coisa que vamos fazer sempre, em qualquer circunstância, independentemente dos atores. E não foi bem isso que vimos.

O fato de, ao mesmo tempo, estar acontecendo um episódio num lugar e uma operação policial numa outra área da região metropolitana, coloca um ponto muito importante para pensarmos: para que serve a política de segurança? Esse é o principal desdobramento deste caso. Há décadas temos tido políticas de segurança que servem para produzir inseguranças. Isso nos faz pensar numa questão bastante controversa, que foram os desenhos que as crianças da Maré fizeram recentemente, em que o helicóptero aparecia centralmente como uma coisa que estava ali e trazia mais medo do que segurança.

 

Acontece entre os dias 30 de Agosto a 08 de Setembro, no Rio Centro, a XIX Bienal do Livro do Rio. Durante o evento acontecerão diversos lançamentos de livros cujos os autores são pesquisadores vinculados ao INCT/INEAC.
Todas as atividades com esses autores do nosso Instituto estão agendadas para o dia 6 de setembro, sexta, às 11:30h.

SERVIÇOS

DIAS DO EVENTO
30 de Agosto a 08 de Setembro

HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO
Segunda à Quinta: 09h às 21h
Sexta-feira: 09h às 22h
Finais de Semana: 10h às 22h

VISTAÇÃO ESCOLAR
Segunda à Sexta de 09h às 17h

LOCAL
Riocentro
Av. Salvador Allende, 6555
Barra da Tijuca
Rio de Janeiro – RJ
22783-127

E-MAIL
Sugestões, dúvidas e comentários
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INGRESSOS
Inteira: R$30,00
Meia-entrada: R$15,00

 
 
 
 

Disponibilizamos, aqui no site do INCT INEAC, o edital do IV ENCONTRO DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS DA UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA - UVA, que vai se realizar entre os dias 16 e 18 de outubro de 2019, no campus Tijuca das 9h às 18h.

Para conferir o edital faça abaixo o download no PDF anexo .

 

 

 
 

Acontecerá nos próximos dias 29 e 30 de agosto, no Auditório do Bloco O do Campus Gragoatá da UFF, em Niterói, RJ, o II Seminário Sobre Raça e Política no Brasil. Pesquisadores vinculados ao INCT-INEAC participam da atividade. 

Confira abaixo a programação do evento:

- Bloco O - Auditório - Campus Gragoatá - Niterói, RJ.

➡Abertura: 10:30h – organização do evento

➡Mesa 1:
11:00 - 12:30 Igualdade racial e relações internacionais

Giovana Zucatto (IESP-UERJ) - A linha global de cor: raça, racismo e relações internacionais
Renata Braga (UFABC) - “Eu sou Atlântica”: a articulação transnacional do movimento de mulheres negras na América Latina

Debatedores: Carlos Machado (UNB) e Meyre Teixeira (RI/UFF)
Mediação: Bernardo Afonso (RI/UFF)

➡Mesa 2:
14:00h – 16:00h: Movimentos Sociais e Participação Política

Ana Claudia Cruz da Silva (UFF) – Coletivos Negros, Movimentos e Resistência no Sul da Bahia
Cristiano Rodrigues (UFMG) – Protesto negro em tempos de desdemocratização: do institucional ao contestatório?
Rodger Richer (UNICAMP) - A questão racial na UNE (1999 - 2018)

Debatedor: Márcio André dos Santos (UNILAB)
Mediação: Dara Santanna (Direito UFF)

➡Mesa 3 :
16:00h -18h - Políticas Públicas e Saúde da População Negra

Jaciane Milanezi (UFRJ) - Cadastradas difíceis no Sistema Único de Saúde: a governança da reprodução de mulheres negras no Rio de Janeiro
Layla Carvalho (UNILAB) – Justiça reprodutiva e Zika: caminhos impossíveis para mulheres negras em Pernambuco

Debatedora: Veronica Daflon (UFF)
Mediação: Lara Miranda (Negra- UFF)

Coffe Break

➡Mesa 4 :
18:00h – 20h segurança pública, racismo institucional e violência

Paulo Ramos (USP) - Gramática negra da luta contra a violência policial
Flavia Medeiros (UFF) Política de Segurança Pública, Drogas e Racismo
Juliana Vinuto (UFF): Silenciamento do racismo institucional na privação de liberdade

Debatedora: Luciane Soares Silva (UENF)
Mediação: Charlene Soares (PPGS- UFF)

Apresentação Artística: Falcão – Poesia falada - Slam


Segundo dia 30/8/2019 -

➡Mesa 1:
10:00 h – 12:00: Democracia e a questão racial

Huri Paz (Sociologia / UFF) – Assassinatos de políticos no Rio de Janeiro – um recorte de raça e gênero
Filipe Alves (Ciências Sociais UFF) - Articulando raça, gênero e sexualidade na política parlamentar
Rebecca Vieira (PPGSA/UFF) – Participação, mobilização e protesto: o caso do fórum de mulheres negras em Niterói.

Debatedor: Márcio André dos Santos (UNILAB)
Mediação: Ariel Nascimento (Negra/UFF)

➡Mesa 2:
14h – 15:30h: Raça e representação política:

Edilza Sotero (UFBA) : Representação negra no Estado Novo
Natália Neris (USP) : A questão racial e a constituinte
Martvs das Chagas. (Conselho Curador da FPA) – Raça e o Partido dos Trabalhadores

Debatedora: Flavia Rios (UFF)
Mediação: Emerson Luã (Negra/UFF)

➡Mesa 3:
15:30h – 17:30h: Desigualdades Raciais e eleições
Fabio Nogueira (UNEB) - Campanhas eleitorais e candidaturas negras em Salvador – BA
Carlos Machado (UNB) – Raça, representação e limites das eleições brasileiras
Wescrey Portes (IESP) – Sub-representação Política: a experiência eleitoral de candidaturas negras no Rio de Janeiro
Danusa Ester Gomes (UFF) : Representação da mulher negra na ALERJ: barreiras de classe, gênero e raça

Debatedora: Andreia Lopes (Unirio)
Mediação: Amanda Santos (PPGS/UFF)

Coffe Break

➡Mesa de Encerramento – 17:30h - 19:30h

Carlos Alberto Medeiros (UFRJ)
Verônica Lima (Câmara Municipal de Niterói)
Luiz Campos (IESP-UERJ)

Debatedora: Raquel Guilherme de Lima (UFF)
Mediação Dandara Vicente (PPGS/UFF)


 

Segunda, 26 Agosto 2019 17:10

XIII Jornada do PPGA UFF

Os alunos da pós graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense realizam,  entre os dias 11 e 14 de novembro, a XIII Jornada PPGA UFF, intitulada Reflexões Antropológicas: contribuição e desafios na construção de saberes.

Mais informçaões acesse a página do evento: https://www.jornadappgauff.com/

 

GTs da Jornada

GRADUAÇÃO

GT01. Adversidades no Fazer Antropológico e Disputas Epistêmicas

coordenado por: Hugo Virgilio de Oliveira (UFF); Theodoro de Carvalho Teles (UFF)

GT02. Justiça e Segurança Pública

coordenado por: Rebeca Sophia Lima Azeredo (LAESP/UFF); Ana Claudia Amaral Brito (UFF)

GT03. Antropologia e Cinema: a consubstancialidade das relações de gênero, diversidade sexual, raça/etnia e classe

coordenado por: Alan de Jesus Ferreira (IFG); Helio Simplicio Rodrigues Monteiro (IFG)

GT04. Gênero, raça e sexualidade: a construção dos corpos negros a partir de uma perspectiva interseccional

coordenado por: Fillipe Alexandre Oliveira Alves (UFF); Lara Prata Miranda (UFF)

PÓS-GRADUAÇÃO

GT05. Antropologia, meio ambiente e saberes tradicionais 

coordenado por: Sabrina Soares D' Almeida (INCT/InEAC/UFF e Cebrap); Yolanda Gaffree Ribeiro (PPGA/UFF e INCT/InEAC/UFF)

GT06. Imagens, memórias e lutas sociais:  possibilidades da antropologia visual  como ferramenta de pesquisa e aproximação em contextos de conflito

coordenado por: Ana Priscila Rezende de Carvalho (PPGA-UFF); Aiano Bemfica Mineiro (PPGCOM - UFMG)

GT07. Etnologia indígena e estudos afro-brasileiros. Concepções de identidade, etnicidade, cosmovisão, memória e território

coordenado por: Queli Baptista (UFF); Marina Santos De Miranda (UFF)

GT08. Cristianismo e espaço público: aspectos sociais e políticos

coordenado por: Lívia Rabelo (UFRJ); Ramon Teixeira da Silva (UFRJ)

GT09. Entidades espirituais, materialidades, agenciamento e experiências sensíveis

coordenado por: Cledisson Geraldo dos Santos Junior (UFRRJ); Dayanne da Silva Santos (UFRGS)

GT10. O real e o construído: a problematização da dicotomia natureza-cultura e suas derivações sob a ótica de uma virada ontológica

coordenado por: Raphael Gouvêa Rompinelli (UFJF); Rafael Siqueira Machado (UFJF)

GT11. Rituais: Simbolismos e Materialidades 

coordenado por:  Igor Rolemberg (PPGAS/MN/UFRJ); Lucas Bártolo (PPGAS/MN/UFRJ)

GT12. Educação, patrimônio cultural, reconhecimento e a valorização das diferenças étnicas

coordenado por: Reinaldo da Silva Guimarães (PUC Rio); Rafael da Silva dos Santos (CEFET); Luciene Gustavo Silva (Anhanguera)

GT13. Etnografias  nas instituições escolares relações étnico-raciais em perspectiva

coordenado por: Maria Célia Barros Virgolino Pinto (UFPA); Patrício Carneiro Araújo (UniLab)

GT14. Entre o público e o privado: a casa como espaço de moradia, memória, sociabilidades e disputas

coordenado por: Amana dos Santos Nesimi (UFF), Caroline Martins de Melo Bottino (UFF)

GT15. Sociabilidades urbanas: pesquisando formas de se viver e experienciar as cidades

coordenado por: Ana Carla de Oliveira Pinheiro (UENF); Carine Lavrador de Farias (UENF) 

GT16. Gênero, poder e espaço

coordenado por: Bárbara Cardoso (UFF); Camilla Araújo (UFF); Thuani Queiroz (UFF)

GT17. Por uma antropologia das práticas, dos saberes e das sensibilidades no campo da segurança pública

coordenado por:  Marcos Verissimo (UFF); Astrid Johana Pardo (CEDERJ-CECIERJ); Betania Almeida (UFF)

GT18. Profissionais da segurança pública e do mundo direito: práticas, moralidades e saberes

coordenado por: Victória Brasiliense de Castro Pires (PPGSA-UFRJ); Perla Alves Bento de Oliveira Costa (PPGSD-UFF) 

GT19. Sociabilidades e dinâmicas em ambientes virtuais, novas tecnologias e vida offline

coordenado por: Pedro Ruback da Silva (PPGA-UFF); Karina de Paula (PPGA-UFF)

GT20. A antropologia e a questão das “drogas”: controles, circuitos, movimentos, rituais e práticas

coordenado por: Yuri J. de P. Motta (UFF); Gabriel Borges da Silva (UFF)

GT21. Antropologia do Poder e da Política

coordenado por: Hully Guedes Falcão (InEAC-UFF); Gabriela de Lima Cuervo (InEAC-UFF)

GT22. Questões em Antropologia Econômica

coordenado por: Rômulo Bulgarelli Labronici (PPGA / InEAC-UFF); Fábio Medina (PPGA/UFF)

GT23. Práticas Contemporâneas de Troca, Produção e Consumo

coordenado por: Giselly Martins da Horta (PPGA-UFF); Christian Queirolo Thorstensen (PPGA-UFF)

GT24. Discursos, práticas e representações dos atores jurídico-policiais no atual contexto das políticas de acesso à justiça, administração institucional de crimes e conflitos, e promoção da cidadania

coordenado por: Michel Lobo Toledo Lima (Universidade Veiga de Almeida - UVA e INCT-InEAC); Vera Ribeiro de Almeida dos Santos Faria (INCT-InEAC)

GT25. Administração de Conflitos e Sistema de Justiça Criminal

coordenado por: Izabel Saenger Nuñez (UFF); Marcelo da Silveira Campos (UFGD); Bóris Maia (UFF)

GT26. Entre o local e o global: Oriente Médio e suas diásporas

coordenado por: Ana Clara Alves de Oliveira (PPGA-UFF); Ana Maria Gomes Raietparvar (PPGA-UFF); Júlio D`Angelo Davies (PPGA-UFF)

 

Nessa sexta 23 de agosto de 2019,  acontece na OAB-RJ,  a III Reunião Ordinária da Comissão de Defesa do Estado Democrático de Direito (CDEDD), e que contará com a participação do antropólogo e coordenado do INCT/INEAC Roberto Kant de Lima. 

O evento gratuito, vai de 9 da manhã às 19h e acontece no Plenário Evandro Lins e Silva - OAB/RJ - Avenida Marechal Câmara 150, 4º andar.

 

Confira abaixo toda a programação do evento e outros detalhes da atividade.

Programa

8h30 - Credenciamento 

 

9h - Abertura

Luciano Bandeira - presidente da OAB/RJ

Luis Guilherme Vieira - presidente da CDEDD

 

9h30 - Painel 1 - Delação premiada: histórico doutrinário

Maria Lúcia Karam

Juarez Cirino dos Santos

 

11h - Painel 2 - Delação premiada e seu necessário procedimento criminal

Márcio Barandier

André Nascimento

Geraldo Prado

 

12h30 - Intervalo

 

14h - Painel 3 - Delação premiada e o papel ético dos advogados

Fernanda Prates

Roberto Kant de Lima

Nélio Machado

 

15h30 - Painel 4 - Delação premiada e sua jurisprudência nos tribunais superiores

Antonio Saldanha Palheiro - ministro do STJ

Sebastião Reis - ministro do STJ

Data e hora

23 AGO 2019
9h às 19h

Data de término

23 AGO 2019

Local

Plenário Evandro Lins e Silva - OAB/RJ
Avenida Marechal Câmara 150, 4º andar

Valor

Gratuito

Mais informações

(21) 2730-6525
 
 
 
 

O nosso site reproduz aqui o artigo da socióloga Jacqueline Sinhoretto (UFSCAR), pesquisadora também vinculada ao INCT/INEAC,  publicado no blog da Folha de São Paulo  (https://facesdaviolencia.blogfolha.uol.com.br/2019/08/18/na-seguranca-as-opcoes-ideologicas-explicam-mais-que-o-dinheiro/).

Na segurança, as opções ideológicas explicam mais que o dinheiro

 

Por Jacqueline Sinhoretto*


Se há um consenso no campo da segurança pública é que não faltou investimento nas polícias, no Judiciário e no Ministério Público neste século. Os governos investiram, atenderam demandas por novos equipamentos e tecnologias, priorizaram a área. Houve investimento em formação de recursos humanos e meios técnicos.
No entanto, os resultados colhidos, de modo geral, não reduziram o medo, não pouparam vidas, não enfraqueceram o crime organizado, a não ser em projetos localizados no tempo e no espaço.
E, no momento de crise orçamentária, segurança e justiça criminal precisam de profunda discussão. Custam muito caro para um resultado que a maioria considera insatisfatório. O atual movimento de redução de alguns índices criminais no país todo não pode servir de válvula de pressão para fugirmos do debate sobre novos rumos para a área.
Até aqui, o investimento em segurança e justiça criminal apostou todas as suas fichas em duas tecnologias: policiamento ostensivo e encarceramento. E, como tecnologias sociais, sempre há outras soluções possíveis, que podem ser mais racionais e efetivas a depender de quais são os problemas a resolver.
Não se trata de recusá-las por princípio. A discussão aqui não é ideológica. As tecnologias da ostensividade e do encarceramento servem para resolver um conjunto restrito de problemas. O policiamento ostensivo é uma ferramenta para lidar com delitos que ocorrem nas ruas, em grandes aglomerados, onde há previsibilidade de condutas: colocam-se mais policiais nos locais e horários em que crimes patrimoniais são mais frequentes.
O encarceramento é uma tecnologia disciplinar que atende à necessidade de isolar pessoas por tempo determinado para que não cometam crimes enquanto estiverem detidas. Sua função ressocializadora ou de reforma moral nunca foi comprovada em nenhum lugar, e os projetos de reforma da prisão surgiram historicamente quase junto com a prisão como a conhecemos.
No Brasil, cadeias superlotadas, em que estão presas pessoas que não cometeram crimes violentos, são os locais em que o crime organizado se articulada (ao invés de ocorrer o contrário). As prisões brasileiras são um ambiente de violência extrema, que dinamizam a violência também para fora delas.
Como tecnologias têm funcionalidades, têm também custos e efeitos adversos. Os custos sociais do policiamento ostensivo são bem documentados. O principal deles é o tratamento discriminatório de grupos sociais, que nasce da probabilidade de que naquele grupo exista um número maior de delinquentes.
No mundo inteiro, como no Brasil, o policiamento ostensivo concentra-se em grupos de jovens, negros, moradores de rua e toda sorte de outsiders, como usuários de drogas, migrantes, estilos de vida alternativo. Ao trabalhar com probabilidades e vigilância de grupos e áreas, acaba por reforçar estigmas e discriminações. Também é um efeito desta tecnologia criar um distanciamento social e de confiança entre os grupos discriminados e a polícia.
No caso brasileiro, além do policiamento ostensivo produzir tratamento discriminatório, ainda está aliado às mais altas taxas de letalidade policial do mundo, o que também se reverte em alta exposição dos trabalhadores da segurança à violência.
Se essas tecnologias são limitadas e oferecem efeitos colaterais perversos, como a retórica belicista de Wilson Witzel, entre outras, nos faz lamentar mortes atrás de mortes no Rio de Janeiro, por que as políticas de segurança e justiça insistem tanto em reforçar essas respostas problemáticas?
Aí entra o caráter político-ideológico das opções políticas tomadas pelos governantes e pelas lideranças corporativas de policiais, juízes e promotores. Não importa se prender mais não resolve ou se piora o problema, se policiamento ostensivo produz tratamento discriminatório ou se as taxas de crimes aumentam. O remédio que as corporações receitam é sempre continuar expandindo o uso dessas tecnologias para todo e qualquer problema de insegurança e injustiça. Entramos em um looping que parece não ter fim mas que nos afasta de soluções efetivas e eficientes de redução de todas as violências.
Compreender esse quadro, suas causas e encontrar soluções alternativas têm sido o trabalho dos centros de pesquisa acadêmicos. A Universidade tem um papel central na agenda de reformas democráticas do Estado. E, neste contexto, para impulsionar o debate de ideias, resultados e soluções, uma centena de pesquisadores se reunirá nesta semana na UFSCar, entre os dias 20 e 22, para o “Seminário Violência e Administração de Conflitos”.
O evento ocorre num momento paradoxal: precisamos do desenvolvimento de tecnologias de redução das múltiplas violências e a pesquisa nas universidades está ameaçada por cortes de verba e perseguição ideológica. A inteligência e as soluções racionais são desvalorizadas. As lideranças políticas e corporativas se promovem com promessas ilusórias de soluções fáceis.
As universidades, que podem contribuir para a reflexão técnica sobre os rumos da segurança pública no Brasil, correm o risco de ter suas atividades paralisadas por decisões ideológicas e autoritárias. Os bolsistas estão em desespero. Bem-vindos ao drama.
Jacqueline Sinhoretto, professora de Sociologia da UFSCar e coordenadora do GEVAC (Grupo de Pesquisa sobre Violência e Administração de Conflitos).

O site do INCT/INEAC reproduz aqui o artigo da antropóloga e cientista política Jacqueline Muniz para o BRASIL DE FATO (https://www.brasildefato.com.br/2019/08/19/opiniao-or-as-mortes-estao-sim-na-sua-conta-governador-wilson-witzel/).

 

As mortes estão sim na sua conta, governador Wilson Witzel

Jacqueline Muniz responde ao governador do RJ sobre responsabilidade nas mortes decorrentes de intervenção policial

Jacqueline Muniz*
 

Wilson Witzel, como um governador pode fingir não saber que ele é o comandante em chefe das polícias estaduais, responsável pelas finalidades e resultados da ação policial? Como um doutorando em ciência política** pode desconhecer que a capacidade coercitiva da polícia materializa as decisões do governante? Como um político pode omitir que a POLÍCIA É A (sua) POLÍTICA EM ARMAS? Como pode um político estudante de política performar como o exterminador do futuro ao bravejar seus ditos contra a bandidagem e atuar como soldadinho da toy story diante das graves consequências dos feitos policiais realizados sob seu comando? 

Que fique bastante claro. Compete ao governador autorizar determinados armamentos e alguns de seus modos de uso. E isto corresponde à sua proposta, implícita ou explícita, de segurança e direitos humanos que seguirá sempre aberta ao questionamento público. É o seu projeto de força para a polícia que comunica à sociedade os fins, meios e modos da sua política de segurança, sob a qual se é inevitavelmente responsável.

As mortes estão sim na sua conta, governador Wilson Witzel***. Esta fatura trágica é sua e não há como empurrar os corpos dos jovens mortos para longe do Palácio da Guanabara.  Eles permanecerão eternamente aqui na nossa memória e lá dentro de sua consciência, mantendo vivas a sua culpa moral, a sua indigência legal e a sua irresponsabilidade política. Estas juventudes interrompidas, somadas as muitas outras existências destruídas por suas palavras inconsequentes e de efeito letal, são muito mais que estatísticas frias. Elas formam o seu cordão de isolamento, a sua prisão sem grades que manterá sua vida pública sob cerco de tanta insegurança e letalidade produzidas.

*Jacqueline Muniz é professora do Departamento de Segurança Pública - Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (InEAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF).

**Wilson Witzel (PSC) realizou a qualificação de sua tese de doutorado em Ciência Política na UFF na última quinta-feira (5).

***Em declaração na última sexta-feira (16), o governador disse que a morte dos jovens estariam na conta dos defensores de direitos humanos.

Edição: Vivian Virissimo

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