Claúdio Salles
VI Seminário INCT-InEAC: Processos de Administração de Conflitos, Universidade Pública e Conjuntura Política
Acontece nos próximos dias 28, 29 e 30 de novembro de 2018, a sexta edição do Seminário INCT-InEAC: Processos de Administração de Conflitos, Universidade Pública e Conjuntura Política, que será realizado no Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (ICFH/UFF), em Niterói, Rio de Janeiro.
O INCT-InEAC - Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de conflitos - é um Instituto de Ciência e Tecnologia criado em 2009. Sediado na Universidade Federal Fluminense, reúne uma rede nacional e internacional de pesquisadores em torno à pesquisa, formação e transferência de conhecimento sobre diversas formas de administração de conflitos, processos de construção de cidadania e de direitos, entre outros assuntos.
Em 2018, o Seminário do INCT-InEAC chega em sua sexta edição com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e da Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação da UFF.
Nesta edição, buscamos criar um âmbito de acolhimento de ideias, reflexões e discussões diante do contexto político e social que vivemos, privilegiando a diversidade e o diálogo. Com objetivo de refletirmos sobre temas atuais e de interesse da nossa ampla rede de pesquisadores e do público do Seminário, iremos contar com convidados que abordarão diferentes contextos de conflito e atuação política, bem como, pensaremos sobre o papel da universidade pública diante da atual conjuntura, de uma perspectiva local, nacional e global.
Esperamos que todos os participantes aproveitem esses 3 dias para criar e fortalecer relações que possam contribuir com construções coletivas que venham a ser relevantes, tanto para a academia quanto para a sociedade.
A programação conta com a realização de 1 Conferência de Abertura, 4 Mesas Temáticas, 3 Grupos de Trabalhos (divididos em 8 sessões) e 3 Reuniões Administrativas. Todos estes espaços pensados para proporcionar encontros, interlocuções e intercâmbios entre os pesquisadores da melhor forma possível.
O VI Seminário do INCT-InEAC será realizado entre os dias 28 e 30 de novembro no Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, no Campus do Gragoatá da Universidade Federal Fluminense.
PROGRAMAÇÃO:
Datas: 28, 29 e 30 de novembro
Local: Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (ICFH/UFF)
28 de novembro (Quarta-feira)
9h00 - Café de boas vindas.
Mesa de Abertura - Auditório Bloco O/ICHF
Roberto Kant de Lima (NEPEAC)
Lenin Pires (IAC)
Andrea Latge (PROPPI/UFF)
9h30 - 12h30
Mesa "Ética em Pesquisa" - Auditório Bloco O/ICHF
Luis Fernando Dias Duarte (MN/UFRJ)
Fernanda Duarte (Faculdade de Direito/UFF)
Martinho Silva (IMS/UERJ)
Marília Lopes da Costa Facó Soares (MN/UFRJ)
Debatedor: Fábio Reis Mota (PPGA/UFF)
Coordenação: Kátia Mello (ESS/UFRJ)
14h -17h
Grupos de Trabalho - Salas 502, 505 e 508 Bloco P/ICHF
Reunião sobre publicações do InEAC com coordenadores de coleções - Sala 233 Bloco P/ICHF
17h - Intervalo para café
17h30 - 20h
Conferência de Abertura: George Bisharat (Universidade da Califórnia) - Auditório Bloco O/ICHF (atividade com tradução simultânea)
Coordenação: Luís Roberto Cardoso de Oliveira (UnB)
29 de novembro (Quinta-feira)
9h - 12h
Mesa "Politização da justiça e judicialização da política" - Auditório Bloco O/ICHF
Renata Tavares (Defensoria Pública do Estado do RJ)
Ilzver Matos (PPG em Direitos Humanos/Universidade de Tiradentes, Aracaju, SE)
Fabíola Fanti (CEBRAP)
Wadih Damous (a confirmar)
Coordenador: Pedro Heitor Barros Geraldo (UFF)
14h - 17h
Grupos de Trabalho - salas 406, 503 e 408 Bloco P/ICHF
Reunião Comitê Gestor do InEAC - Sala 233 Bloco P/ICHF
17h - Intervalo para café
17h30 - 20h
Apresentação de livros pelos autores - Auditório Bloco O/ICHF
30 de novembro (Sexta-feira)
9h - 12h30
Mesa "Universidade pública: estratégias e desafios no contexto atual" - Auditório Bloco O/ICHF
Jennifer Perroni (PROAES/UFF)
Alexandra Anastácio Monteiro Silva (Faculdade de Nutrição / UFF)
Renata Aquino (PPG História Social do Território/FFP/UERJ; Frente Professores Contra a Escola Sem Partido).
Tatiana Roque (UFRJ)
Coordenadora: Gisele Fonseca (UFF)
14h - 17h
Grupos de Trabalho: salas 502,503 e 505 - Bloco P/ICHF
Reunião de gestão administrativa do InEAC, com coordenadores de sub-projetos e equipe administrativa e financeira - Sala 233 Bloco P/ICHF
17h - Intervalo para café
17h30 - 20h
Mesa: "Segurança Pública e direitos humanos: perspectivas e desafios" - Auditório Bloco O/ICHF
Acácio Augusto (UNIFESP)
Fernando Brancoli (IRID/UFRJ)
Rachel Barros (a confirmar - IBASE)
Ibis Pereira (Ex comandante da PMERJ)
Coordenadora: Flavia Medeiros (UFF)
Encontro Internacional "Questões contemporâneas em sociologia e antropologia. Perspectiva França - Brasil.
Acontece nessa sexta , dia 23 de novembro de 2019, no quino andar do Bloco "O" do Campus do Gragoatá da UFF , o Encontro Internacional "Questões contemporâneas em sociologia e antropologia. Perspectiva França - Brasil. Confira abaixo a programação do evento.
V Semana Acadêmica de Segurança Pública da UFF "Administração de Conflitos, Estado e Democracia"
V Semana Acadêmica de Segurança Pública da UFF "Administração de Conflitos, Estado e Democracia" ocorrerá nos dias 03 à 06 de dezembro na Universidade Federal Fluminense, com a seguinte programação:
03/12 Segunda-feira
15h - Oficina de Escrita Científica: Escreva por Direitos
18h - Lançamento do Livro:
O Senador e o Bispo - Pedro Heitor Barros Geraldo
18h30 - Mesa de Abertura "Administração de Conflitos, Estado e Democracia: 30 Anos de Constituição Brasileira e 70 Anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos"
Local: Auditório da Odontologia (Valonguinho/UFF)
04/12 Terça-feira
15h - Curso de Extensão: Gênero e Segurança Pública
18h - Lançamento dos Livros:
Lacan para Historiadores - Danieli Machado Bezerra
Linhas de Investigação - Flávia Medeiros Santos
18h30 - Mesa "Diversidade e Segurança Pública: O Papel do Estado em Garantir Políticas Públicas de Inclusão, Integração e Igualdade"
Local: Auditório da Odontologia
05/12 Quarta-feira
15h - Curso de Extensão: Gênero e Segurança Pública
18h - Lançamento dos Livros:
Dogmas e Doutrinas - Izabel Saenger Nuñez
Maconheiros, Fumons e Growers - Marcos Veríssimo
18h30 - Mesa "Os Bastidores da Segurança Pública e da Justiça: Administrando Conflitos Institucionalmente"
Local: Auditório da Odontologia
06/12 Quinta-feira
15h - Pedalada Inaugural do Projeto BicInEAC (Saída do InEAC)
18h - Lançamento Oficial do BicInEAC
19h - Roda de Conversa "Masculinidades no Cárcere"
Lançamento do Livro: Além das Grades - Samuel Lourenço Filho
Local: InEAC
“Conversas Antropofágicas”: Rodas Culturais no Rio de Janeiro: uma batalha chamada resistência
O PPGA/UFF realiza, no próximo dia 23 de novembro de 2018, a 5ª edição do “Conversas Antropofágicas” com o tema: Rodas Culturais no Rio de Janeiro: uma batalha chamada resistência.
A mesa será composta por Rico Neurótico (MC e produtor cultural da Roda de Olaria), Felipe Gaspary (produtor cultural da Roda do Tanque), Priscila Telles (Mestre em Antropologia – PPGA/UFF) e Marcos Veríssimo (Doutor em Antropologia – PPGA/UFF).
O evento acontecerá no dia 23 de novembro de 2018, às 18:30h, na sala 231, Bloco P, ICHF, Gragoatá, UFF
Lançamento: Formas Não Violentas de Administração de Conflitos
Nesse sábado, 17 de novembro de 2018, de 19:30 a 20:30, na Feira do Livro de Porto Alegre, acontece o lançamento do livro "Formas Não Violentas de Administração de Conflitos" organizado por Kátia Sento Sé Mello, Bárbara Lupetti Baptista e Klever Filpo e que conta com a colaboração de vários interlocutores de diferentes PPGs no Brasil e na Argentina
A publicação apresenta trabalhos que, desde uma perspectiva empírica e comparada, tensionam, problematizam e apresentem reflexões acerca de temas relacionados com a mediação de conflitos, a Justiça Restaurativa, a Mediação Penal e a administração de conflitos nos Juizados Especiais Criminais.
O livro apresenta pesquisas de caráter empírico e interdisciplinar, envolvendo projetos distintos, albergados em programas de pós-graduação stricto sensu do Brasil e da Argentina, nas áreas das Ciências Sociais e do Direito, permitindo uma articulação bastante inovadora e interessante sobre o papel de pesquisas de caráter etnográfico na compreensão de fenômenos jurídicos.
O livro foi integralmente apoiado pela CAPES no âmbito do PPGSS-ESS/UFRJ e também apresenta um profícuo diálogo, que vem sendo amplificado no contexto do INCT-InEAC, aprovado, inicialmente, em abril de 2009, na Chamada nº 15/2008 MCT/CNPq/FNDCT/CAPES/FAPEMIG/FAPERJ/FAPESP/, e mantido sob nova aprovação, na Chamada nº 16/2014 INCT/MCT/CNPq/CAPES/FAPs, do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia/CNPq, que é resultado da articulação de uma rede nacional e internacional de instituições de ensino, pesquisa e extensão.
Os artigos = são fruto desse trabalho de interlocução, entre as ciências sociais e as ciências sociais aplicadas, especialmente entre a Antropologia, a Sociologia e o Direito.
Destaca-se, ainda, que este livro, como produto deste projeto, se funda em uma perspectiva comparada e multidisciplinar de análise, que pretende compreender como se articulam, em distintos contextos jurídico e social, diferenciadas formas de administração de conflitos, no Brasil e na Argentina.
ATENCÃO: Livros à disposição na Editora/Livraria Palmarinca
Feira do Livro de Porto Alegre
Praça Da Alfandega, 90010-150 Porto Alegre, Rio Grande do Sul
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"Ética em pesquisa na área de humanas"
A graduação Pós graduaçao em antropologia da UFF realizam, no próximo dia 22 de novembro de 2018, o evento "Ética em pesquisa na área de humanas" .
O Comitê de Ética na Pesquisa em Ciências Sociais, Sociais Aplicadas, Humanas, Letras, Artes e Linguística (CEP-Humanas UFF) é resultado dos diagnósticos realizados nas últimas décadas por especialistas das áreas de conhecimento das disciplinas abrigadas sob a rubrica de Humanidade que apontam às especificidades existentes quanto às práticas e éticas no domínio das distintas Ciências, sobretudo considerando a necessária distinção entre o exercício da pesquisa “com” seres humanos e aquelas realizadas “em” seres humanos. Comporão a mesa Helen Jennisy Vieira Bernal (UERJ FFP) , Fábio Reis Motta (INCT-InEAC UFF) e Hulli Guedes Falcão ( doutoranda PPGA-UFF) .
A atividade acontece no próximo dia 22 de novembro de 2018, às 14 horas, na sala 528, bloco "P" do Campus do Gagoatá da UFF, em Niterói - RJ.
Site: http://cephumanas.sites.uff.br/
II Seminário Doutrinas, Praticas e Saberes Locais
Pesquisadores do INCT-InEAC participam, em Aracaju - SE, do "II Seminário Doutrinas, Praticas e Saberes Locais", que acontece entre 12 e 22 de novembro de 2018 , na UNIT - Universidade Tiradentes. Representando o INEAC no evento estão o coordenador do INCT Roberto Kant de Lima (UFF/UVA), o antropólogo Felipe Berocan Veiga (UFF) as também antropólogas Ana Paula Mendes de Miranda (UFF) e Roberta Correa (UFF), além da historiadora Ana Lage (UFF).
Confira no cartaz abaixo toda a programação do "II Seminário Doutrinas, Praticas e Saberes Locais".
Conferência "O Papel da Universidade na luta contra o racismo e defesa das políticas afirmativas"
Acontece nos próximos dias 12 e 13 de novembro de 2018 a Conferência "O Papel da Universidade na luta contra o racismo e defesa das políticas afirmativas", com a participação do antropólogo KABENGELE MUNANGA. A atividade acontecerá em comemoração ao mês da Consciência Negra.
Kabengele Munanga é um antropólogo e professor brasileiro-congolês. É especialista em antropologia da população afro-brasileira, atentando-se a questão do racismo na sociedade brasileira. Kabengele é graduado pela Université Oficielle du Congo e doutor em Antropologia pela Universidade de São Paulo.
A atividade acontecerá no dia 12/11 na UFF e no dia 13/11 na UNIRIO. O INCT InEAC está entre os organizadores do evento. Veja no cartaz abaixo mais detalhes da Conferência.
Discurso Kant - PRÊMIO DE EXCELÊNCIA ACADÊMICA DA UFF
O nosso site publica aqui o discurso do Coordenador do INCT InEAC, antropólogo Roberto Kant de Lima, durante o prêmio de excelência acadêmica da UFF, outorgado pela Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da UFF, em cerimônia que aconteceu no auditório do NAB, no Campus da Praia Vermelha da UFF, nessa terça-feira, 6 de novembro, de 2018. O discurso pode ser assistido no nosso canal do Youtube, na minutagem 1h 38min 50s, acessando o link https://www.youtube.com/watch?v=Zd_2i1iIHD4
DISCURSO PREMIAÇÃO DE EXCELÊNCIA ACADÊMICA DA UFF
Roberto Kant de Lima
Inicialmente, quero agradecer aos colegas que indicaram o meu nome e à banca que me escolheu para esta altamente prestigiosa premiação da UFF, criada, diga-se de passagem, na gestão do Professor Antônio Cláudio, na PROPPI.
Queria ser breve (15 minutos no máximo), então através de agradecimentos sucessivos, vou enfatizar a circunstância de que qualquer um que ganhe uma premiação, ou uma homenagem, não lhe faz jus por si só. A meu ver, não há heróis, nem super-homens nessa linha de trabalho.
Estes agradecimentos, para facilitar, serão efetuados em ordem cronológica e não poderiam abranger a todos, mas àqueles a quem infelizmente não cito, peço que se sintam também contemplados no contexto das citações.
Em 1970, insatisfeito com minhas atividades profissionais à época, após ter-me formado em Direito e já trabalhando no mercado de capitais, por intermédio de minha então namorada Magali Alonso, fui apresentado ao livreiro Aníbal Bragança, da Livraria Diálogo e ali iniciei meus contatos profissionais com Niterói. Em conversas com os clientes da livraria, que ficava próxima ao antigo ICHF (hoje IACS), interessei-me pelas Ciências Sociais.
Ingressei como aluno no ICHF em 1971 e, guiado pelo Professor Wagner Neves Rocha, fui fascinado pela ética includente e pelo relativismo das perspectivas teóricas do método comparativo e decidi tornar-me antropólogo. Ainda sem finalizar o curso, ingressei em 1974 no então único curso de mestrado do RJ no Museu Nacional/UFRJ, onde escolhi como orientador o Professor Roberto Da Matta. No entanto, a forte personalidade e as excelentes aulas do Professor Castro Faria, que já haviam me encantado na graduação, foram sempre fundamentais para minha formação.
Neste mesmo ano, 1974, fui aprovado na seleção para Auxiliar de Ensino do Departamento de Ciências Sociais – ao mesmo tempo que concluía minha dissertação de mestrado sobre os pescadores da Praia de Itaipu, em Niterói, com a indispensável e prestimosa colaboração de meu amigo e até hoje colega Marco Antônio da Silva Mello .
Esse período foi bastante difícil, pois o Depto sofreu uma intervenção de uma representante do SNI – diga-se de passagem, equivocadamente eleita - e minguou de 33 professores para 11 docentes efetivos, contratando-se colaboradores provisórios para dar aulas. Comparativamente aos tempos de hoje a Universidade era bastante deficitária em termos de recursos físicos (desde banheiros e salas de aula) e quase nula em termos de recursos para ensino e pesquisa, mas nem por isso nos desanimávamos, criando sempre oportunidades de pesquisa e extensão para financiar nossos projetos.
Em seguida, em 1979 fui para os Estados Unidos, onde, recomendado por Roberto Da Matta, fui acolhido, como vários outros brasileiros, pelo Professor David Maybury-Lewis no Departamento de Antropologia de Harvard), com uma bolsa do Programa Institucional de Capacitação Docente (PICD da CAPES), concebido para as instituições de ensino “periféricas”, nas quais, à época, a UFF se incluía (e a UFRJ, por exemplo, não). Mas isso só foi possível por intervenção da Professore Aydil de Carvalho Preiss, Vice-Reitora e do Professor Hildiberto Cavalcanti de Albuquerque Jr., Diretor do ICHF, que se responsabilizaram pela minha saída do país perante os órgãos de segurança, depois de uma recusa da CAPES em me conceder a bolsa.
Em Harvard, conheci e me tornei amigo dos colegas George Bisharat e James Ferguson e do Professor Charles Lindholm. Todos eles me conduziram, com compreensão e tolerância, acadêmica e sentimentalmente, frutos de sólida amizade que até hoje perdura, pelos árduos caminhos da disciplina pessoal e profissional do universo acadêmico dos EUA.
Tendo realizado tese sobre as práticas da Polícia Civil na cidade do RJ, voltei ao Brasil em 1986, dedicando-me com afinco ao ensino e à pesquisa para devolver acadêmica e profissionalmente aquilo que a UFF me havia proporcionado. Ainda em 1990 voltei aos EUA para fazer trabalho de campo com a polícia de Birmingham, Alabama e de San Francisco, California, com bolsa da Comissão Fulbright, conseguida graças a convite de acadêmicos dos EUA que visitaram a UFF e com a interveniência do então Reitor, Professor Raymundo Romeo.
A seguir, coordenei a fundação, desde 1991, com meus colegas do Departamento de Antropologia e do Departamento de Ciência Política, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Ciência Política no ICHF, iniciado em 1994, hoje coordenado por meu colega Fabio reis Mota.
Na mesma época, liderados pelo Professor Castro Faria, criamos o Núcleo Fluminese de Estudos e Pesquisa – NUFEP, no ICHF, que se tornou, rapidamente, o centro das atividades de pesquisa de um grande número de professores, e alunos de graduação e pós-graduação, liderados pelos então pesquisadores do CNPq Marco Antonio da Silva Mello, Simoni Guedes, Ari Abreu Silva, Arno Vogel e Delma Pessanha Neves, além de mim mesmo.
Em 2000, a pedido da Escola Superior de Polícia Militar do RJ coordenei, também em conjunto com meus colegas de Departamento, a criação do Curso de Especialização em Políticas Públicas de Justiça Criminal e Segurança Pública, que contou com apoio da Fundação Ford, através da Dra. Elizabeth Leeds e do Professor Jorge da Silva e reuniu professores do depto de Antropologia, de Ciência Política e de Comunicação da UFF e outros docentes de outras Universidades do RJ.
Esses recursos e a experiência adquirida em projetos interdisciplinares em rede, desde 1998, quando coordenei um projeto interdisciplinar do PADCT/CIAMB/MCT com a biologia marinha da UFF, em parceria com os colegas Mello, Ronaldo Lobão e Agnaldo Nepomuceno (Cacá), passando por vários editais de pesquisa e cooperação internacional, entre os quais o CAPES/Cofecub, acabou nos conduzindo à formação de uma rede nacional e internacional de pesquisadores, que se forma institucionalmente a partir de 2000 com Isaac Joseph, na França, Sofia Tiscornia, na Argentina e Daniel dos Santos, no Canadá, todos interessados na comparação dos processos de administração de conflitos praticados pelas instituições ligadas à justiça criminal e à segurança pública e também àquelas ligadas aos conflitos ambientais comuns às populações tradicionais de pescadores de “beira de praia” e de quilombolas.
A rede se expandiu e em 2009 nosso projeto para a criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (InEAC), cuja elaboração foi coordenada por nossa colega Lucia Eilbaum, foi aprovado na Chamada Pública do MCT para criação dos INCTs, tendo sido também aprovada sua renovação e financiamento em 2014, hoje abrigando cerca de 100 doutores e 200 pesquisadores em formação em seis estados do Brasil e cinco países do exterior, agrupados em 30 projetos de pesquisa. Montamos então uma equipe administrativa, com Virginia Taveira e Lucio Duarte, que sustentam administrativamente a correção administrativa e financeira do InEAC, além de um acervo bibliográfico especializado, administrado pela bibliotecária Sonia Castro e um Laboratório de Estudos de Mídias supervisionado por Claudio Salles, todos coordenados por um sólido Comitê Gestor, composto por Luis Roberto Cardoso de Oliveira (vice-coordenador/UnB); Maria Stella Amorim (UVA), Rodrigo Azevedo (PUC-RS), Ana Paula Miranda, Simoni Guedes, e Lucia Eilbaum (UFF) que, juntamente comigo orienta os caminhos do nosso Instituto.
Esses recursos de pesquisa, associados à expansão do REUNI, propiciaram a ampliação de nossos horizontes de pesquisa e ensino na UFF, pois nossos ex-alunos de pós-graduação foram aprovados em concursos para professores da UFF em diversos cursos e departamentos, situados em vários campi (Niterói, Campos dos Goytacazes, Angra dos Reis e Pádua). Como resultado dessa massa crítica produzida pelo InEAC, depois de alguns revezes acadêmicos e políticos, com o apoio de colegas do Departamento de Direito Público, em especial de Ronaldo Lobão, pudemos criar um curso de bacharelado em Segurança Pública, que tratasse esse assunto do ponto de vista da sociedade e não do Estado; este curso, em uma versão condensada, por solicitação da Secretaria de Segurança do RJ, tornou-se também um curso de tecnólogo a distância do pool de instituições públicas para ensino a distância do RJ, (Fundação CECIERJ/CEDERJ), curso que hoje conta com aproximadamente 1.500 alunos situados em 12 pólos do RJ, eficientemente coordenado em seus primeiros anos por meu colega Pedro Heitor Barros Geraldo, apoiado por nossos colegas Monica Grele e Marcos Veríssimo e contando com o apoio incondicional do Presidente da Fundação CECIERJ, Carlos Bielchowski.
Finalmente, depois de algumas outras dificuldades político-acadêmicas, acabamos criando, também com o apoio da administração superior da UFF, o InEAC como uma unidade de ensino da UFF - o IAC - hoje dirigido por meu colega Lenin Pires, tendo acabado de aprovar mestrado acadêmico na CAPES em “Justiça e Segurança”, a iniciar-se no primeiro semestre de 2019. A rede internacional de instituições e pesquisadores continua sediada no Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Administração de Conflitos, vinculado à PROPPI, que coordeno, apesar de aposentado compulsoriamente por idade desde 2014.
Concluo aqui essa longa exposição, que tomei a liberdade de usar como uma oportunidade de agradecimento e prestação de contas pública à Universidade que me criou como antropólogo e me sustentou acadêmica e profissionalmente durante todos esses 44 anos de magistério superior. Antes de encerrar, entretanto, queria agradecer aos membros ainda vivos de minha família, especialmente as minhas companheiras, que me apoiaram incondicionalmente durante essa longa jornada: a já mencionada Magali, que me trouxe a Niterói, Glaucia, Nikki, Sheyla, Solange e Silvia; e também a minha irmã, Andrea e a meus filhos, Rafael e Felipe e a minha neta Luisa, porque sei que minhas ausências do convívio familiar serão sempre sentidas por eles. No entanto, quando olho para trás vejo que meu tempo pelo menos não foi desperdiçado e que o trabalho institucional rendeu frutos palpáveis.
Nesse embalo, também agradeço a meus professores, que me fizeram seus colegas, a meus colegas que me fizeram seus amigos e a meus alunos que me fizeram professor.
Nesse longo período atravessei, com minha família, meus colegas e alunos - muitos dos quais se transformaram ao longo do tempo em colegas - momentos bastante difíceis, com dificuldades de várias ordens: financeiras, com nossos salários muitas vezes extremamente aviltados; profissionais, com o sistemático desprestígio e/ou desconhecimento de nosso papel social como cientistas sociais e professores universitários; políticas, com a dificuldade de uma sociedade conservadora se habituar à diversidade e à tolerância com a diferença, essenciais para um civilidade que todos buscamos; e acadêmicas, vinculadas à escassez de recursos financeiros e simbólicos para o desenvolvimento de nossos projetos e para o estímulo à criatividade de nossos pesquisadores. Mas sempre enfrentamos essas dificuldades com a esperança de dias melhores que, aliás, pareciam ter finalmente chegado. Eis, no entanto, que maus ventos se anunciam à proa e o nosso barômetro aponta tempestades perfeitas, especialmente para as Universidades públicas.
Já no fim da carreira, queria deixar uma palavra de ânimo em meio a esse horizonte: não desistam, continuem trabalhando, porque em um país como o nosso a imprevisibilidade é a regra que nos exclui das premissas de funcionamento desse mercado tomado enganosamente como tendo um padrão universal. Aqui, a universidade pública, gratuita e de qualidade, com todas as suas ineficiências, deficiências e mazelas, mas também com todas as suas superações, vitórias e realizações é um esteio de segurança e previsibilidade possíveis, que se presta às esperanças de construção democrática do patrimônio ético, social, político e acadêmico do povo brasileiro, que cabe a nós proteger e desenvolver.
Bola pra Frente e
Muito Obrigado a Todos.
Na foto do dia da premiação estão, além do professor Roberto Kant de Lima, também o vice-reitor da UFF Antonio Claudio da Nóbrega, o pró-reitor da PROPPI Vitor Ferreira, e vários pesquisadores vinculados ao INCT-InEAC.
NOTA PÚBLICA DO INCT-inEAC
NOTA PÚBLICA DO INCT-inEAC
Os pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC) vêm expressar sua extrema preocupação com as atitudes demonstradas por círculos próximos ao presidente eleito, seus representantes eleitos e por ele próprio, em manifestações feitas em diferentes momentos, antes e depois da eleição para o quadriênio 2019-2022, os quais vêm combinando o anúncio de políticas regressivas nos âmbitos sociais e econômicos com o uso de expressões impróprias, quando não desrespeitosas e até mesmo ameaçadoras e violentas para com a comunidade científica.
Chama a atenção o pretenso desconhecimento acerca das relevantes contribuições de pesquisadores brasileiros para a formulação e elucidação de temas e problemas candentes para o equilíbrio e desenvolvimento do país no âmbito das ciências exatas, naturais, médicas e biológicas, das humanidades, bem como das ciências sociais aplicadas.
Observa-se também a enunciação de discursos que buscam promover uma pauta política voltada para a desregulamentação de áreas que comprometem a soberania nacional, assim como a capacidade econômica do país em reagir à grave crise econômica instalada em nível internacional (meio ambiente, reservas indígenas, terras quilombolas, pré sal, extinção de estatais estratégicas, etc.).
Por outro lado, anuncia-se o recrudescimento de medidas repressivas e violentas, para lidar com a diversidade de pensamento, credo, orientação sexual e com as demandas históricas por inclusão social.
Essas declarações demonstram, legitimam e incitam grave intolerância em relação a comportamentos considerados desviantes a partir de uma única perspectiva moral-religiosa que compromete o princípio contemporâneo da diversidade e liberdade de expressão, já tendo motivado atitudes concretas e comprováveis, como agressões físicas e morais, além da presença de alunos civis portando ostensivamente armas nos campi universitários.
Neste sentido, vimos nos solidarizar com os órgãos de imprensa, as instituições de pesquisa, as universidades públicas, as organizações do movimento social, assim como com os colegas pesquisadores e professores e com os indivíduos cujo desempenho profissional e/ou comportamento social foram ou vêm sendo expressamente citados e ameaçados nesta conjuntura difícil.
O INCT-InEAC também subscreve a nota publicada pela ANPOCS, ABA, SBS, ABCP e FBSP e reafirma nosso respeito às normas constitucionais vigentes, que incluem a liberdade de expressão e de cátedra nas Universidades e Instituições de pesquisa e ensino, recentemente expressa e unanimemente reiterada pelo STF, e reivindicamos o Estado Democrático de Direito enquanto horizonte para uma convivência ética, voltada para o convívio das divergências, num ambiente que promova bem estar de todos e construção de dias melhores.
Niterói, 04 de novembro de 2018
Comitê Gestor do INCT-InEAC