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A revista ISTO É publicou, no último dia 20 de julho de 2018, matéria intitulada "Na falta de inteligência, mais violência" . A reportagem escrita pela jornalista Luisa Purchio traz a participação do antropólogo Roberto Kant de Lima , coordenador do INCT INEAC, confira ! https://istoe.com.br/na-falta-de-inteligencia-mais-violencia/

 

Na falta de inteligência, mais violência

Estudo mostra que o número de tiroteios, homicídios e chacinas cresceu no Rio de Janeiro nos cinco meses de intervenção federal — e que a presença de soldados nas ruas não se reflete em melhoras na segurança pública

Quando o presidente Michel Temer assinou o decreto que colocou as Forças Armadas no comando das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, em fevereiro, os especialistas já alertavam que a intervenção teria poucos efeitos sobre a segurança pública. Considerava-se que a iniciativa era mais motivada para aumentar a popularidade do presidente do que para restaurar a ordem. Os números que provam essa suspeita começam, enfim, a aparecer. Exatos cinco meses depois da intervenção, se algo mudou foi para pior — e o que se vê no Rio é um cenário de guerra. As notícias de tiroteios e mortes de bandidos e PMs são praticamente diárias, fazendo com que a paz pareça cada vez mais distante.

SEM SAÍDA Homens com fuzis na Vila Cruzeiro (acima) e a UPP do Morro do Alemão (abaixo): cinco mortos em confronto com policiais (Crédito:Divulgação)

Um levantamento divulgado esta semana pelo Observatório da Intervenção, grupo da Universidade Cândido Mendes, mostra que a violência no Rio aumentou de fevereiro a maio de 2018 em relação ao mesmo período do ano anterior. Os tiroteios e disparos cresceram 37%. As chacinas aumentaram 80%, enquanto as mortes em chacinas dispararam: 128%. Enquanto isso, a apreensão de fuzis, metralhadoras e submetralhadoras caiu 39%. “Nossa impressão é que muitos recursos têm sido gastos em operações grandiosas que geram resultados inexpressivos”, afirma Silvia Ramos, cientista social e coordenadora do Observatório. “Há o risco de o Exército ficar desmoralizado. Achamos que eles deveriam investir em inteligência, investigação e reestruturação das forças policiais”, diz ela.

Divulgação

Sem metas nem cronograma

Os relatos de violência contra civis e policiais só crescem. Apenas na semana passada, diversos casos foram registrados. Moradores do Morro do Urubu, na Zona Norte do Rio, passaram a noite de segunda-feira 16 e a madrugada da terça em meio a trocas de tiros motivadas por disputas de poder entre facções criminosas. Na mesma noite, quatro pessoas foram encontradas mortas em Senador Camará, bairro na Zona Oeste do Rio. Na madrugada da quarta-feira 18, na comunidade de Cidade de Deus, um soldado do Exército foi baleado enquanto patrulhava com um grupo as imediações do local. O final de semana anterior não foi mais pacífico. No início da manhã do domingo 15, cinco homens foram mortos por PMs da Unidade de Polícia Pacificadora do Alemão, na Serra da Misericórdia, que liga o Complexo do Alemão ao Complexo da Penha. No dia seguinte, mais um tiroteio impediu os moradores de saírem de suas casas.

Diante da situação atual, virou uma missão quase impossível para o interventor Walter Braga Netto transformar o Rio de Janeiro em um lugar menos violento do que encontrou. A intervenção termina no dia 31 de dezembro e tem se revelado um fracasso de planejamento. Braga Netto assumiu o comando das polícias de um estado falido por anos de corrupção e administração irresponsável de recursos públicos, mas não apresentou metas, um cronograma de ação e nem sequer uma prestação de contas. “Qual será o legado da intervenção?”, questiona Antonio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz. Para ele, o morador da favela está enterrando seus filhos sem ter nem como conhecer os protocolos de operações das Forças Armadas. “Não se sabe se o militar vai entrar na casa dele ou se seu direito de ir e vir estará assegurado”, afirma Costa.

O Exército pouco tem feito para combater as razões estruturais da insegurança na cidade. Um dos motivos que permitem o avanço da criminalidade é o aumento do poder das milícias, grupos compostos por ex-policiais e agentes do estado que vendem serviços ilegais à população, intimidada a contratá-los. A intervenção tem sido incapaz de mudar esse quadro. Pesa também a favor do aumento de homicídios e chacinas a disputa entre facções criminosas no estado, cada vez mais sangrenta. Adversário do Comando Vermelho, o PCC, que controla os presídios de São Paulo, tem reforçado sua presença no Rio de Janeiro, onde também pretende dominar o tráfico de drogas.

“Essa guerra é travada em espaços da pobreza, onde quem morre em proporções absurdas são os pobres e os soldados, o chamado ‘andar de baixo’ da população e das instituições”, diz Roberto Kant de Lima, coordenador do Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos, da Universidade Federal Fluminense. “O que falta é inteligência. Enquanto só houver violência e repressão e pouca investigação criminal, mais mortes acontecerão, inclusive de pessoas inocentes — que na guerra representam apenas ‘danos colaterais’”. Sem inteligência, sobram vítimas.

De 24 a 27 de setembro de 2018, acontece na Universidade Federal Fluminense (UFF),  a décima segunda edição da Jornada de Alunos de Antropologia do PPGA-UFF, intitulada “Diálogos Étnico-Raciais: embates e construções”.
A chamada de trabalhos está aberta até o dia 5 de agosto. Nesse período a organização da XII Jornada estará recebendo resumos em 11 Grupos de Trabalhos das mais diversas temáticas e ensaios fotográficos para a composição de  mostra fotográfica.

Mais informações:
https://jornadappga2018.weebly.com/chamada-de-trabalhos.html
https://www.facebook.com/JornadaPPGA/

Diversos pesquisadores vinculado ao INCT-InEAC estiveram essa semana em Florianópolis, Santa Catarina, participando do 18º Congresso Mundial da IUAES - International Union of Anthropological and Ethnological Sciences que pela  primeira vez em sua história aconteceu na América do Sul. O evento acontece de 16 a 20 de julho de 2018 na UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina.

A International Union of Anthropological and Ethnological Sciences (IUAES) é uma organização mundial de cientistas e instituições que trabalham nos campos da Antropologia e Etnologia, mas é também uma organização que angaria o interesse de profissionais de outras áreas como Arqueologia e Linguística. O objetivo da IUAES é aumentar o intercâmbio e a comunicação entre acadêmicos de todas as regiões do mundo, em um esforço coletivo para expandir o conhecimento humano. Desta forma, espera contribuir para uma melhor compreensão da sociedade humana e para um futuro sustentável baseado na harmonia entre natureza e cultura.

O IUAES foi criado em 23 de agosto de 1948, quando foi integrado em uma organização, de fato, com o Congresso Internacional de Ciências Antropológicas e Etnológicas (ICAES), este último fundado em 1934. 

Através de seu grande Congresso (chamado ICAES até 2008 e posteriormente renomeado como Congresso Mundial), realizado a cada cinco anos, o IUAES oferece um fórum mundial para a discussão e disseminação de pesquisas. No período entre os congressos mundiais, também patrocina Inter-Congressos, seminários e simpósios, e incentiva a participação de antropólogos em outras reuniões e projetos internacionais. Por meio de suas Comissões Científicas, o IUAES estimula a convergência de interesses de pesquisa entre antropólogos e a divulgação de resultados de pesquisas por meio de publicações.

 

Nessa quinta feira, 19 de julho de 2018,  aconteceu o lançamento de diversos livros de pesquisadores do INCT-InEAC, confira os lançamentos e as fotos com a participação dos nossos pesquisadores: 

 

CONSUMO / CULTIVO DE DROGAS / SEGURANÇA PÚBLICA / MORALIDADES

 

Mesa 5E: COLEÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS, ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS E CIDADANIA – 4 títulos

Organizador: Roberto Kant de Lima

 

MARCOS ALEXANDRE VERÍSSIMO DA SILVA

Maconheiros, fumons e Growers: um estudo comparativo do consumo e do cultivo caseiro de canábis no Rio de Janeiro e em Buenos Aires

Autor: Marcos Alexandre Veríssimo da Silva (UFF)

 

FREDERICO POLICARPO

O consumo de drogas e seus controles: uma perspectiva comparada entre as cidades do Rio de Janeiro, Brasil, e de San Francisco, EUA.

Autor: Frederico Policarpo (UFF)

 

ANA PAULA MENDES DE MIRANDA / TALITHA MIRIAM DO AMARAL ROCHA / JOELMA DE SOUZA AZEVEDO (UFF)

Políticas Públicas de segurança municipal. Guardas Municipais: saberes e práticas.

Autores: Ana Paula Mendes de Miranda; Talitha Miriam do Amaral Rocha Joelma de Souza Azevedo (UFF)

 

FLAVIA MEDEIROS / LUCIA EILBAUM / ROBERTO KANT DE LIMA

Casos de Repercussão: perspectivas antropológicas sobre rotinas burocráticas e moralidades.

Organizadores: Flavia Medeiros (UFF); Lucia Eilbaum (UFF); Roberto Kant de Lima (UFF)

 

COLEÇÃO CONFLITOS, DIREITOS E SOCIEDADE – 2 títulos

Organizador: Roberto Kant de Lima

 

RÔMULO LABRONICI

Na Pata do Cavalo: um estudo etnográfico com apostadores do turfe em agências credenciadas no Jockey Club Brasileiro

Autor:Rômulo Labronici

 

MARIA STELLA AMORIM/ ROBERTO KANT DE LIMA

Administração de Conflitos e Cidadania: problemas e perspectivas

Autores: Maria Stella Amorim; Roberto Kant de Lima

 

O site do INCT InEAC disponibiliza aqui o artigo"Dominio armado: el poder territorial de las facciones, los comandos y las milicias en Río de Janeiro", escrito pelas

 antropólogas Ana Paula Mendes de Miranda e Jacqueline Muniz e publicado no site http://www.vocesenelfenix.com.

 

Dominio armado: el poder territorial de las facciones, los comandos y las milicias en Río de Janeiro

Por *Ana Paula Mendes de Miranda. Antropóloga y **Jacqueline de Oliveira Muniz. Antropóloga

El concepto es profundizado por las autoras para definir las diversas redes criminales que ejercen el control territorial armado de zonas de la ciudad. Entre las características más destacadas de estos grupos se encuentran las actividades económicas ilícitas y la coacción violenta. Se trata de un tipo de gobierno ilegal, que a la vez aspira a obtener legitimidad entre sus dominados.

¿Qué significa“crimen organizado” en Brasil?

La literatura de las Ciencias Humanas y Sociales en Brasil ha tratadolas temáticas de la criminalidad, justicia criminal, seguridad pública y las representaciones sobre la violencia urbana desde hace más de 30 años. En este artículo destacaremos las dinámicas del aumento y cambio de patrones de la criminalidad convencional, incrementados por el uso de la violencia, y del llamado “crimen organizado”–asociado al tráfico de drogas–, a partir de la idea de dominio territorial como estrategia.

Investigaciones como las de César Caldeira (2004), Percival Souza (2006) o Camila Dias (2013) denominan “facciones” a los grupos responsables de la venta minorista de drogas, marcados por enfrentamientos directos y ataques a las fuerzas policiales por el control territorial de lasfavelas con bloqueo al acceso de la policía.

También hay trabajos que se apropian de la nomenclatura “comandos”–tal es el caso del de Karina Biondi y Adalton Marques (2010) y el de James Holston (2013)– para designar a los mismos grupos. Tal enfoque comienza en los primeros años de la década de 1990, con el surgimiento de los “comandos” en las cárceles paulistas. Esos autores destacan que las “guerras” trabadas entre los colectivos políticos por el “dominio de las cárceles” resultaron en la “partidización” como importante instrumento diplomático para producir alianza entre los pares, así como un poderoso embate contra los enemigos. Las expresiones “facción” y “comando” corresponden a categorías nativas manejadas por los presos, autoridades de seguridad y medios en sus actuaciones discursivas de identificación, visibilidad y criminalización. Sus contenidos simbólicos negocian sentidos involucrandoa los dispositivos estatales de control social. Las categorías implican formas de poder armado que comunican modos distintos de ejercer el gobierno. La “facción”señala unidad táctica de propósito y acción, explora la fragmentación con alianzas provisionales e inestables, reconociendo la existencia de antagonistas y la pertinencia de disputa por supremacía económica de combate por el territorio. El “comando” apuntaunidad política de propósito y acción, explora la concentración del mando y la centralización decisoria de la sujeción y asimilación de rivales por la unificación de grupos, reconociendo la pertinencia de disputa por la hegemonía política del mercado en el territorio. Las dos categorías implican modos de gobernar autónomamente, actuando en la construcción y regulación de mercados ilícitos.

Mercados (i)legales

En su trabajo “Crime organizado e crime comum no Rio de Janeiro: diferenças e afinidades” (2011), Michel Misse afirma que las actividades criminales violentas se caracterizan por la disputa por el control territorialpara dominar el menudeo de drogas, el comercio ilegal de bienes, el “gato” (conexión clandestina al tendido eléctrico), el transporte informal (vans, mototaxis), etc. El autor también destaca la presencia de las “milicias”, en Río de Janeiro, que disputan con los “comandos” el control de los territorios, con el objetivo de imponer la venta de protección a los moradores para operar actividades ilícitas y lucrativas.Además, hay competencia por el manejo de los negocios de robo de carga y de vehículos, redes de pistoleros, vigilancia clandestina, tráfico de armas y el “exterminio”, muchas veces con la colaboración de la policía activa.

Como en su momento indicó Greciely Cristina da Costa (2014), en Río de Janeiro se identifica una relación entre el “juego del bicho” (una especie de quiniela ilegal), los “comandos” y las “milicias”.

“Está dominado, está todo dominado”

En el año 2000, el latiguillo“Tá dominado, tátudo dominado”copó Río de Janeiro. Surgida en los bailes funks de las favelas, la expresión se convirtió en una referencia para comprender lo que pasa en las calles. En la ciudad considerada el “purgatorio de la belleza y del caos”, donde las autoridades oficiales están permanentemente en crisis, la idea de “estar dominado” revela en qué contextos se manifiesta el orden, así como también explicita que “manda quien puede y obedece quien es sensato”. Esta visión local sobre el poder se remite a la discusión propuesta por MaxWeber, quien, al analizar la coyuntura política de Alemania y de Europa de finales del siglo XIX, buscó un abordaje capaz de demostrar que el Estado –en términos de dominación basada en la violencia física legítima– produce una política que siempre se manifiesta como lucha por una parte del poder político. Así fue como Weber construyó su teoría de que el Estado moderno se desarrolló pautado por el esfuerzo de mantenimiento del “uso de la fuerza física”. De este modo, el concepto de Estado pasó a ser asociado al de una “comunidad humana que, dentro de determinado territorio –este, el ‘territorio’, forma parte de sus características– reclama para sí (con éxito) el monopolio de la coacción física legítima”(1982: 98).

Inspirados en esa perspectiva, buscamos entender los sentidos de la dominación en la disputa por territorios en Río de Janeiro. Es, según Álvaro Bianchi (2014), la dominación constituida por las ideas de fuerza y violencia, como partes estructurales de las disputas políticas y del funcionamiento de las instituciones políticas. La distinción entre los conceptos de poder y dominación son fundamentales para comprender las relaciones con el Estado.

En el lugar de poder, Weber prefiere usar el concepto de dominación, que significa “la probabilidad de encontrar obediencia a un orden dedeterminado contenido, entre determinadas personas indicables”.Estar dominado significa, por lo tanto, la explicitación de una relación en la cual una de las partes impondrá su voluntad sobre la otra. En el caso de Río de Janeiro, esa imposición se hace principalmente por la disputa armada por territorios. Por esa razón optamos por la profundización del concepto de dominio armado–presente en el trabajo de Jacqueline Muniz y Domício ProençaJr (2007)– para designar a las redes criminales que ejercen el control territorial armado y actúan en actividades económicas ilícitas e irregulares, en una base territorial específica, por medio de la coacción violenta como el principal recurso de mantenimiento y reproducción de sus prácticas. Es el dominio territorial, o mejor, un tipo de gobierno ilegal que ambiciona obtener legitimidad, que impacta en el ofrecimiento de servicios públicos y de comercio en esas mismas áreas, ya que la venta ilegal de estos servicios se asocia con una política de coacción de las personas y con el impedimento de las empresas concesionarias para adentrarse en los territorios.

Criminalidad violenta

A diferencia de lo que se podría esperar, la actuación de los grupos armados no siempre se traduce en homicidios en una localidad, ya que la lógica de las prácticas clandestinas solo puede estar orientada por la producción del miedo latente y difuso en un determinado territorio. Y esto permite su control a un costo bajo, con uso reducido de medios represivos (armamentos, municiones, personas, etc.) cuyo acceso y consumo son onerosos. Así, las muertes quedan restringidas a algunas situaciones. En estos términos, la estrategia principal es la apropiación particularizada o la privatización perversa de la seguridad pública y, por consiguiente, de otros servicios urbanos a partir de la intimidación y la amenaza de empleo de la violencia. El dominio armado es el control del espacio público por determinados grupos (traficantes, milicianos, pandillas) y sirve para caracterizar los lugares y las situaciones de riesgo a las que están expuestos los trabajadores y habitantes de esas localidades. Por tratarse de un fenómeno dinámico, no se puede pensar en un límite territorial determinado, ya que las redes criminales funcionan como una forma itinerante de gobierno, al actuar como agencia reguladora, emprendedora, consorciada y franqueadora en el mercado de actividades económicas ilícitas e irregulares.
Es necesario resaltar que el concepto de dominio armado se distingue de la idea de poder paralelo. La imagen de un poder paralelo informa que los grupos volcados a la criminalidad, que mantienen el control de territorios bajo el régimen de la violencia, no se comunican –o no se relacionan– con el poder instituido, democrático, que tiene en su misión el sentido de combatirlos. En este caso, el poder instituido funciona, debido a las relaciones establecidas entre grupos armados –sean milicias o el tráfico–“con” esos grupos y no “contra” ellos.

El dominio armado corresponde, por lo tanto, a la imposición de una autoridad armada ilegal que, por medio de la coacción, ejerce un gobierno autónomo y en red, regulando el mercado ilegal e informal de oferta de servicios esenciales en los territorios como la luz, pudiendo actuar con agentes estatales y bajo la conveniencia estatal.

Tal situación afecta la reputación del lugar, es decir, la imagen construida sobre un determinado territorio, que no solo está asociada a sus condiciones objetivas de precariedad, en el caso de las favelas, sino resultante de las vivencias, memorias y saberes acumulados sobre los grupos criminales y las prácticas de la criminalidad violenta ocurridas en la localidad, que tanto pueden ser expresadas por la presencia de grupos armados (traficantes o milicianos) y sus enfrentamientos con rivales, o de ellos con las fuerzas de seguridad.

Violencia y dominio armado

La categoría“violencia” también se muestra limitada para dar cuenta del fenómeno analizado porque existen distintos sentidos, funciones y atribuciones que son manejados por los sujetos de forma variada en contextos y situaciones diversos. Se resalta que la dimensión dominio armado atraviesa distintos indicios de riesgo, es decir, aquellos signos externos de violencia y deterioro del espacio público (barricadas, pintadas, etc.) que señalan cómo la región presenta algún límite a la movilidad y acceso a los territorios, siendo regulada por quien tiene provisoriamente dominio armado. De tal manera, la circulación y la autorización para realizar servicios, así como la posibilidad de impedir otros, tales como corte de energía y retiradas de “gatos”, funcionan como factores objetivos para la identificación de áreas de riesgo por aquellos que circulan en la localidad. Las barricadas y referencias a tiroteos están relacionadas con la reputación del lugar y la crueldad violenta. En términos de Sebastian Roché (1993), uno y otro indican la presencia de grupos armados regulando y disputando territorios entre ellos y con la policía, y son esos factores los que ayudan a constituir el sentimiento de inseguridad.

Estudio de caso: el robo y los fraudes de energía

Para construir los Mapas de Percepción de Riesgo se adoptó un enfoque dinámico y multifactorial de las nociones de violencia, de riesgo y dominio armado que rompía con las visiones de sentido común. Esto para aprehender la forma procesal, multidimensional, multicausal y polisémica por la cual los fenómenos asociados a la inseguridad ya la victimización laboral se presentan, especialmente en el trabajo de campo de los operadores de una concesionaria de energía, permitiendo agotar sus múltiples configuraciones. El análisis de los indicios de la presencia de dominio armado en el territorio se hizo en distintos momentos:

1) Base de datos del Disque-Denuncia.
2) Visitas guiadas a las localidades de los municipios de São Gonçalo y Duque de Caxias.
3) Grupos focales y entrevistas semiestructuradas que resultaron en la producción de mapas mentales.
4) Investigación de victimización laboral con funcionarios de la empresa concesionaria del servicio de energía.

Estos instrumentos y métodos mixtos produjeron un acervo de datos cualitativos y cuantitativos de relevancia a fin de criticar el método aplicado por la Administración Nacional de Energía Eléctrica (ANEEL) para medir los robos de energía eléctrica, pues explicitan parte del fenómeno social del riesgo que no puede ser medido a partir de los datos oficiales disponibles. Es posible observar la presencia y la capilaridad de grupos armados que ejercen dominio territorial.

Dominio armado y áreas de riesgo

Hay una fuerte convergencia entre la presencia de los grupos armados y los lugares que los prestatarios han establecido como “de mayor riesgo” para la realización del trabajo. Se observa relación entre estas variables asociadas al riesgo con las “áreas de riesgo” previamente definidas por la empresa. En consecuencia, se constata que los polígonos de riesgo, definidos inicialmente por la empresa como “zonas de riesgo”, pudieron ser validados de otras fuentes y datos de la propia empresa (“obras” demedición de pérdida no técnica) y de otras instituciones (Disque Denuncia e Investigación de Victimización Laboral).

También, al realizar el trabajo de campo, los investigadores pudieron observar que existe una diferenciación entre las formas en que los dominios armados actúan en la regulación del acceso de los funcionarios a las áreas de riesgo. Según los interlocutores de la investigación, la “milicia” y el “tráfico” actúan de forma diferente en relación a los técnicos de la empresa. Ambos son igualmente peligrosos, pero hay una diferenciación en la manera de enfoque para impedir los apagones. En el “área de la milicia”, el propio “miliciano” viene y habla con el “técnico” sobre el servicio que se está desempeñando. En la “zona del tráfico”, además del “traficante” ostensiblemente armado, todo “morador” usa su pertenencia a un “área de riesgo” para amenazar al “técnico” con represalias. En este caso, la amenaza parece más difusa.

Durante la realización de los grupos focales, los relatos fueron sobre la presencia de personas con radios de comunicación o teléfonos celulares. Los trabajadores son monitoreados por esos grupos en la ejecución del servicio debido al control del territorio por grupos armados. La presencia de personas involucradas con el tráfico de drogas es más perceptible en esas áreas que la milicia, según nuestros interlocutores. Los datos cuantitativos de la encuesta de victimización laboral corroboran la riqueza de informaciones traídas por el trabajo cualitativo con inferencia sobre el porcentaje de agentes que se enfrentan a esos indicios de dominio armado. Más del 80% de los empleados presencian barricadas y pintadas en la rutina de sus lugares de trabajo.

Victimización

La posibilidad de quedar expuestosen medio de las disputas entre bandos armados, convertirse en blanco de las prácticas violentas de los traficantes y milicianos y, además, ser testigos silenciosos y pasivos de las violaciones sufridas por los moradores y frecuentadores de estas localidades son temores diarios de los empleados. En estos lugares, los operadores experimentan un estado continuo de alerta ante la posibilidad del peligro, que es percibido como inminente cuando se ven en medio de un intercambio de disparos, por ejemplo. El saber práctico los orienta a seguir sus rutas de trabajo pero sondeando permanentemente a los moradores, “obreros”, soldados del tráfico, comerciantes y cualquiera que puedaorientarlos sobre la conveniencia de continuar conel servicio demandado o bien regresar lo más rápido posible, cancelando la actividad. El estado de las prácticas del trabajo de los empleados que actúan en las áreas de riesgo se traduce en un recetario estratégico de supervivencia en el campo, que informa qué y cómo saber identificar los indicios de riesgos inmediatos, surfeando con lo imprevisible en sus rutinas de trabajo.

Acontece no próximo dia 27 de julho de 2018, na livraria da travessa do CCBB, o lançamento do livro  "Quem Dirige em São Gonçalo, dirige em qualquer lugar: uma etnografia das práticas e representações da Guarda Municipal", escrito pela antropóloga Talitha Rocha - Doutoranda em Antropologia pelo PPGA/UFF e Pesquisadora do Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisas (NUFEP-UFF) e do Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (INCT-InEAC).

O lançamento do livro que sai pela editora EDUFF, está marcado para às 18 horas, e a livraria da travessa do CCBB fica na rua Primeiro de Março, 66 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, CEP 20010-000

Cooperação entre brasileiros e timorenses existe desde a independência do país asiático, em 2002. Resultados têm se intensificado nos últimos anos

 

Até esta quarta-feira (11), o Instituto de Ciências Sociais (ICS) da UnB sedia a 1ª Conferência da Associação de Estudos de Timor-Leste, seção Brasil (TLSA-BR). Com o tema Rupturas, Continuidades e Novas Sínteses, o encontro busca reunir estudantes e pesquisadores de várias áreas do conhecimento interessados em melhor compreender os processos sociais em curso em Timor-Leste, uma das nações mais jovens do mundo.

 

Além dos trabalhos científicos tradicionais, a conferência reúne apresentação de produções artísticas, fotográficas e audiovisuais, além de lançamento de livros. Cerca de 30 pesquisadores brasileiros e mais 30 internacionais participam da programação. O professor do Departamento de Antropologia (DAN) da UnB Daniel Simião é um dos organizadores do evento. Para ele, a pesquisa realizada na última década já apresenta resultados substanciais, que o evento pretende reunir.

 

Parte desse acúmulo de aprendizados é resultado de uma política de cooperação educacional empenhada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) entre os anos 2005 a 2015. No período de uma década, foram enviados ao Timor 50 professores brasileiros, a cada ano, para colaborar com a estruturação do sistema educacional timorense, em especial com o fortalecimento do ensino do português.

 

“Cada professor, desde que retornou, contribuiu para a difusão de aprendizados e conhecimentos sobre a cultura timorense”, destaca Simião.

 

Boa parte dos estudos sobre o país envolvem as áreas de estudos literários, linguística, ciência política, educação, história e direito. Desde 2014, a UnB envia estudantes de graduação e pós-graduação ao país para realizar pesquisas e intensificar o intercâmbio acadêmico, científico e cultural. Durante esse período, estudantes timorenses também estiveram na Universidade.

 

AFINIDADES  Pesquisadores docentes e discentes envolvidos com o Timor-Leste apresentam seus trabalhos na conferência. Nesta terça-feira (10), o aluno Miguel dos Santos Filho, do mestrado do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do DAN, participa de mesa-redonda que discute questões de gênero. Desde a graduação, o pesquisador, orientado por Daniel Simião, estuda sobre estas relações em Timor e suas interfaces com as áreas de justiça e desenvolvimento.

 

Seu trabalho de conclusão de curso permitiu reconhecer o papel central das organizações não governamentais no processo de consolidação da noção de violência doméstica como um problema grave, que deveria ser tratado judicialmente. Com o trabalho, vieram dois prêmios, o primeiro da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e o segundo do próprio DAN.

 

Já na nova fase de pesquisa – em desenvolvimento agora no mestrado –, a ideia é compreender comparativamente as dinâmicas de aplicação das medidas judiciais de administração dos conflitos de violência doméstica. “Enquanto lá em Timor-Leste aplica-se a Lei Contra Violência Doméstica, aqui no Brasil tem se aplicado a Lei Maria da Penha, o que já é em si um cenário interessante para se comparar, visto que os dois países têm enfrentado desafios semelhantes na aplicação das legislações”, conta Miguel.

 

O estudante detalha que ambos países enfrentam dificuldades tanto no sistema judiciário, quanto na conscientização da população acerca do tema. Para conhecer mais sobre a pesquisa da UnB e de universidades parceiras em Timor-Leste, acesse UnBCiência.

 

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