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Enviado por claudio salles em sab, 17/02/2018 - 16:50
Brilhante texto, publicado nas redes sociais, da antropóloga Ana Paula Miranda, pesquisadora do INCT InEAC e que trata da Intervenção Federal no Rio de Janeiro .

QUE TIRO FOI ESSE ?

Acordei com o anúncio da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. A repercussão da mídia destacava como estopim a mais nova-velha “crise” da segurança pública.
Os assaltos na zona sul escandalizaram o país. Grande novidade...Não foram as milhares de mortes. Porque quem morre não interessa. A carne mais barata do mercado é a carne negra.
Disseram que as polícias teriam perdido o controle! Será mesmo?
Quem conhece as polícias do Rio sabe que, se tem uma coisa que funciona bem, é o policiamento de eventos. Todo ano tem Réveillon e Carnaval.
Mas quem andou pela cidade viu que algo estava diferente. Só não lembraram que não tinha viaturas porque o governo do estado faliu. Não se pagam mais as horas-extras, que garantiram o policiamento da Copa e das Olimpíadas. Não tem dinheiro para o combustível, e por aí vai...
Como o polêmico hit do verão, resta-nos perguntar “que tiro foi esse”? O que pretende o presidente ao decretar a intervenção? Estranha coincidência o governador e o prefeito não estarem aqui durante o carnaval? Foram curtir fora do Rio, aqui é muito perigoso...
Enquanto nos distraíamos com os enredos de carnaval se urdia um novo espetáculo salvacionista. O primeiro balão de ensaio: a criação do Ministério da Segurança Pública, sem orçamento previsto para 2018, servindo para contentar a bancada BBB (bala, bíblia e boi) e alimentar manchetes.
Agora o golpe é a INTERVENÇÃO das Forças Armadas no Rio de Janeiro.
O espetáculo pirotécnico servirá para atender as câmeras e acalmar os anseios nada democráticos de alguns grupos.
Salva-se ainda a pele do governador do Rio, que vai poder dizer que o problema não é mais dele. Passou a batata quente sem reclamar. Acordão bem ao gosto do PMDB, que precisa urgentemente fabricar um candidato ao governo do Rio.
É disso que se trata a atual crise de segurança. Mais uma vez as polícias e a população estão à mercê dos interesses da Casa Grande.
Só nos resta esquecer o desfile das campeãs e não acreditar nessa fantasia. Não se resolverá a crise com mais força, mas sim com Política Pública, com p maiúsculo.
Governos que não fazem nada seguirão cuidando dos seus próprios interesses, que nem dizia o lema de campanha do bispo-prefeito.
O tiro? Segue com endereço certo... A bala não é perdida e está sendo paga por todos nós.

O site do InEAC disponibiliza o link da entrevista. na Globo News. da antropóloga e professora do Curso de graduação em Segurança Pública da UFF, Jaqueline Muniz, pesquisadora também associada ao INCT-InEAC. A especialista em Segurança Pública fala sobre a Intervenção Federal no Rio de Janeiro.

A entrevista está acessível no link: Entrevista

Terça, 27 Fevereiro 2018 02:37

INTERVENÇÃO FEDERAL OU ESPETÁCULO POLÍTICO

O site do InEAC reproduz aqui o artigo do antropólogo Lenin Pires, pesquisador associado do INCT-InEAC e diretor da graduação de Segurança Pública da UFF (Universidade Federal Fluminense), publicado no jornal O GLOBO no dia 17 de fevereiro de 2018.

 

Intervenção federal ou espetáculo político?

A intervenção federal sobre a segurança pública no estado do Rio de Janeiro, decretada pelo presidente Temer, parece atender a variados interesses. Entre os principais não está o da maioria da população. Em particular aquela que vive na Região Metropolitana e que assiste há meses o recrudescimento da criminalidade violenta, embalada pela fragilidade de um governo estadual agonizante. Ao longo dos últimos dez anos as forças armadas foram chamadas a atuar na segurança publica do Rio, não resultando em eficácia para aumentar de forma duradoura a sensação de segurança e muito menos para diminuir os índices de criminalidade violenta. Por que, então, essa iniciativa e justo agora?

Alguns analistas apontam riscos no movimento do presidente. É possível. Já se sabe que colocar as forças armadas a frente da segurança publica não dará certo. Seja no Rio ou em qualquer lugar. Não é de sua natureza institucional a prestação de serviços para administrar conflitos na sociedade. Elas são mais afeitas a eliminá-los. Também se sabe que as policias dificilmente irão atuar integradamente sob o condão verde-oliva, abrindo mão de suas prerrogativas técnicas e políticas. Elas tem suas próprias éticas, suas próprias economias de procedimentos e, principalmente, lealdades construídas em redes de relações complexas que perpassam diferentes instituições da sociedade. O risco, aparentemente, está dimensionado. O que não tem remédio, remediado está.

O que esperar, porém, dessa iniciativa? Do ponto de vista da população mais carente, a agudização de um quadro conhecido. Constrangimentos maiores à circulação de pessoas, detenções indiscriminadas e, claro, eventuais confrontos armados com potencial para um quadro de maior vitimização de criminosos e moradores das chamadas “áreas conflagradas". Mas isso, como sempre, tende só a importunar os mais pobres. O que está em jogo é o espetáculo da política, voltado para contemplar as expectativas de poder que dialogam com o senso comum dos segmentos sociais mais bem estabelecidos entre os fluminenses e, principalmente, cariocas. Aqueles que formam opinião e tem potencial para apoiar projetos políticos pelo poder. Seja na democracia ou, se necessário, fora dela.

A antropóloga Haidée Caruso (UNB), pesquisadora associada do INCT/InEAC e pesquisadora visitante da ICS - ULisboa , participa, nessa sexta 26 de fevereiro de 2018, do Seminário GI - Identidades, Culturas, Vulnerabilidades; desenvolvendo o tema QUANDO O CAMPO É A POLÍCIA: Experiências etnográficas na PM-RJ.

A atividade, coordenada pelas professoras Suzana de Matos Viegas e Virginia Calado, tem início às 13:30h na sala Polivalente da ICS ULISBOA.

O antropólogo Roberto Kant de Lima, coordenador do INCT InEAC recebeu nessa quarta-feira, dia 31 de janeiro de 2018, a outorga de CIENTISTA DO NOSSO ESTADO. A solenidade aconteceu na Sala Cecília Meireles na, cidade do Rio de Janeiro e contou com as participações do Governador do Estado do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão; do Ministro da Ciencia e Tecnologia, Inovações e Comunicação, Gilberto Kassab; do presidente da FINEP Marcos Cintra; do Secretário do Estado de Ciência e Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social Gabriel Carvalho dos Santos; do Presidente do CNPQ (interino) Marcelo Marcos Morales, e do presidente da FAPERJ Ricardo Vieiralves de Castro.

Roberto Kant de Lima, um dos grandes pensadores brasileiros no campo da antropologia, segurança pública e administração de conflitos, possui graduação em Direito pela Faculdade de Direito de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1968), mestrado em Antropologia Social pelo Museu Nacional UFRJ (1978), doutorado em Antropologia pela Harvard University (1986), pós-doutorado na University of Alabama at Birmingham (1990). É Coordenador do INCT-InEAC - Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos, Coordenador do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC/PROPPI/UFF), Professor do PPGD da Universidade Veiga de Almeida (UVA), Professor do PPGA da Universidade Federal Fluminense (UFF), Professor Titular Aposentado do Departamento de Antropologia e Professor Aposentado Adjunto do Departamento de Segurança Pública da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1A, Bolsista do Programa Cientistas do Nosso Estado da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. Foi Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação (PROPPI UFF),Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Vice Presidente da Associação Brasileira de Antropologia, Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Direito da Faculdade de Direito da Universidade Gama Filho, Professor visitante da Faculdade de Filosofia e Letras (Doutorado em Antropologia) da Universidade de Buenos Aires, Professor visitante do Departamento de Criminologia da University of Ottawa. Foi membro do Comitê Assessor de Antropologia e Coordenador do Comitê Assessor de Ciências Sociais do CNPq, e é Representante titular das Universidades Federais no Conselho Superior da FAPERJ-SECTI/RJ, consultor ad hoc da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), de diversas Fundações Estaduais de Apoio à Pesquisa e do FONCyT-Fondo para la Investigación Científica y Tecnológica (Argentina) e do Consejo de Investigaciones Científicas y Técnicas da Argentina-CONICET. Tem experiência na área de Teoria Antropológica, com ênfase em Método Comparativo, Antropologia do Direito e da Política, Processos de Administração de Conflitos e Produção de Verdades e em Antropologia da Pesca.

Nessa quarta-feira, dia 31 de janeiro de 2018, o doutorando em antropologia Vitor Rangel apresenta a sua defesa de tese na UFF : "Os cinco sentidos da cocaina. Saberes, hierarquias e controles sobre uso e a manipulação do pó entre consumidores e peritos criminais". Vão compor a banca o coordenador do INCT InEAC e orientador Dr. Roberto Kant de Lima (PPGA/UFF), Dr. Frederico Policarpo de Mendonça Filho, (UFF) – co-orientador, Dr. Daniel Schroeter Simião (UnB), Dr. Rogério Lopes Azize (UERJ), Dr. Michel Misse (UFRJ), Dr Lenin dos Santos Pires (PPGA/UFF) e Dr. Marcos Alexandre Veríssimo da Silva (INCT-InEAC). A defesa terá início às 15:30h, na sala 516 – 5o andar – bloco O ICHF – Campus do Gragoatá – Niterói/RJ.

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