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Terça, 27 Fevereiro 2018 02:40

QUE TIRO FOI ESSE? POR ANA PAULA MENDES DE MIRANDA

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Enviado por claudio salles em sab, 17/02/2018 - 16:50
Brilhante texto, publicado nas redes sociais, da antropóloga Ana Paula Miranda, pesquisadora do INCT InEAC e que trata da Intervenção Federal no Rio de Janeiro .

QUE TIRO FOI ESSE ?

Acordei com o anúncio da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. A repercussão da mídia destacava como estopim a mais nova-velha “crise” da segurança pública.
Os assaltos na zona sul escandalizaram o país. Grande novidade...Não foram as milhares de mortes. Porque quem morre não interessa. A carne mais barata do mercado é a carne negra.
Disseram que as polícias teriam perdido o controle! Será mesmo?
Quem conhece as polícias do Rio sabe que, se tem uma coisa que funciona bem, é o policiamento de eventos. Todo ano tem Réveillon e Carnaval.
Mas quem andou pela cidade viu que algo estava diferente. Só não lembraram que não tinha viaturas porque o governo do estado faliu. Não se pagam mais as horas-extras, que garantiram o policiamento da Copa e das Olimpíadas. Não tem dinheiro para o combustível, e por aí vai...
Como o polêmico hit do verão, resta-nos perguntar “que tiro foi esse”? O que pretende o presidente ao decretar a intervenção? Estranha coincidência o governador e o prefeito não estarem aqui durante o carnaval? Foram curtir fora do Rio, aqui é muito perigoso...
Enquanto nos distraíamos com os enredos de carnaval se urdia um novo espetáculo salvacionista. O primeiro balão de ensaio: a criação do Ministério da Segurança Pública, sem orçamento previsto para 2018, servindo para contentar a bancada BBB (bala, bíblia e boi) e alimentar manchetes.
Agora o golpe é a INTERVENÇÃO das Forças Armadas no Rio de Janeiro.
O espetáculo pirotécnico servirá para atender as câmeras e acalmar os anseios nada democráticos de alguns grupos.
Salva-se ainda a pele do governador do Rio, que vai poder dizer que o problema não é mais dele. Passou a batata quente sem reclamar. Acordão bem ao gosto do PMDB, que precisa urgentemente fabricar um candidato ao governo do Rio.
É disso que se trata a atual crise de segurança. Mais uma vez as polícias e a população estão à mercê dos interesses da Casa Grande.
Só nos resta esquecer o desfile das campeãs e não acreditar nessa fantasia. Não se resolverá a crise com mais força, mas sim com Política Pública, com p maiúsculo.
Governos que não fazem nada seguirão cuidando dos seus próprios interesses, que nem dizia o lema de campanha do bispo-prefeito.
O tiro? Segue com endereço certo... A bala não é perdida e está sendo paga por todos nós.

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