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Claúdio Salles

Claúdio Salles

O professor Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, pesquisador do INCT INEAC e professor titular da Escola de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), ministrará a palestra “Sociologia do Direito em um Mundo em Transformação: uma agenda de pesquisa” no próximo dia 22 de janeiro, às 18h, no Auditório Luiz de Gonzaga, no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Com uma trajetória consolidada na área de Sociologia do Direito, Rodrigo é Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e um dos principais nomes do Brasil no estudo das relações entre direito e sociedade, com destaque para temas como transformações sociais, justiça e administração de conflitos. Sua atuação como pesquisador do INCT INEAC reflete um compromisso com a produção de conhecimento crítico e interdisciplinar.

A palestra é uma iniciativa do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da UFC e busca promover reflexões sobre os desafios contemporâneos da Sociologia do Direito em um cenário global em constante transformação. Este evento reafirma a importância do diálogo entre pesquisadores, estudantes e profissionais do campo das Ciências Sociais e Jurídicas.

O INCT INEAC apoia a disseminação de atividades como esta, que reforçam a integração entre as instituições acadêmicas e o avanço das pesquisas no Brasil.

Tema da palestra:
Sociologia do Direito em um Mundo em Transformação: uma agenda de pesquisa.

Data e horário:
22 de janeiro de 2025, às 18h.

Local:
Auditório Luiz de Gonzaga - Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Essa palestra abordará as dinâmicas sociais e jurídicas em tempos de transformação e buscará traçar caminhos para uma agenda de pesquisa inovadora na área. Trata-se de uma oportunidade única para pesquisadores, estudantes e profissionais interessados nas intersecções entre sociedade e direito.

As inscrições estão disponíveis através do link na bio do perfil do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da UFC no Instagram.

Realização:
Laboratório de Estudos da Violência (LEV) - UFC
Apoio: INCT INEAC

Para mais informações, acesse o site do LEV ou entre em contato pelo e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

A antropóloga Ana Paula Mendes de Miranda, pesquisadora vinculada ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC), contribuiu com análises na reportagem da BBC News Brasil intitulada "A expansão pelo Brasil dos traficantes que se veem como 'soldados de Jesus'", publicada em 2 de janeiro de 2025 no https://www.bbc.com/portuguese/articles/ce8nwrp253jo

A matéria, assinada pelas jornalistas Lebo Diseko e Júlia Dias Carneiro, explora a crescente influência de facções criminosas que adotam símbolos e práticas evangélicas, impondo restrições a outras manifestações religiosas, especialmente as de matriz africana, em diversas comunidades pelo país.

A professora Ana Paula Mendes de Miranda destaca que esse fenômeno não se restringe ao Rio de Janeiro, mas se espalha por outras grandes cidades brasileiras, como Fortaleza e Salvador, onde traficantes têm atacado terreiros de umbanda e candomblé, replicando práticas observadas no Complexo de Israel, no Rio de Janeiro.

Para uma compreensão aprofundada sobre essa complexa interseção entre crime organizado e religiosidade, e as implicações sociais decorrentes, recomendamos a leitura completa da reportagem no site da BBC News Brasil:

Créditos: Lebo Diseko e Júlia Dias Carneiro, BBC News Brasil.

 

A expansão pelo Brasil dos traficantes que se veem como 'soldados de Jesus'

 

Quando policiais fluminenses apreenderem tijolos de cocaína ou trouxinhas de maconha em operações contra o tráfico no Rio, podem encontrar uma nova marca estampando esses produtos ilegais: a Estrela de Davi.

O símbolo religioso não está ali em alusão à fé judaica, mas sim refletindo a crença evangélica de que o retorno de judeus a Israel resultará na segunda aparição de Jesus Cristo.

A facção conhecida por traficar drogas com essa nova roupagem é o Terceiro Comando Puro (TCP), um dos grupos criminosos mais poderosos do Rio — que controla o tráfico no Complexo de Israel e é notório tanto por desaparecimentos forçados quanto por sua forte crença evangélica.

A expressão mais visível da fé desse grupo criminoso é a Estrela de Davi azul neon instalada no alto de uma caixa d'água em Parada de Lucas, a primeira de cinco comunidades da Zona Norte da capital fluminense que foram progressivamente controladas pelo grupo, e que passaram a compor, a partir de 2016, o chamado Complexo de Israel.

O complexo é formado pelas comunidades Parada de Lucas, Cidade Alta, Pica-pau, Cinco Bocas e Vigário Geral.

O território foi tomado depois que um líder do TCP teve o que acreditou ser uma revelação divina, de acordo com a teóloga e pastora Vivian Costa, autora do livro Traficantes Evangélicos – Quem são e a quem servem os novos bandidos de Deus (2023).

Segundo Costa, os traficantes no local se veem como "soldados de Jesus" e se autodenominam Tropa de Aarão, referência ao mais velho irmão de Moisés.

Quem chega de trem a Parada de Lucas vê a bandeira israelense logo na plataforma da estação, na placa que saúda: "Seja bem-vindo ao Complexo de Israel."

Esse território virou sinônimo do avanço da fé evangélica entre criminosos e das restrições que impõem a fiéis de outras religiões, sobretudo as de matriz africana.

 

"Tanto as manifestações no espaço público como no espaço privado foram proibidas de existir nesses territórios, com muitas casas de umbanda e candomblé destruídas e queimadas", afirma Costa.

Nesses locais, a facção deixa sua assinatura e marca de domínio: "Jesus é dono do lugar".

Entretanto, de acordo com antropóloga Ana Paula Miranda, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), esse modus operandi tem se espalhado pelo Brasil, com ataques a terreiros de umbanda e candomblé replicados por traficantes em favelas de outras metrópoles, como Fortaleza e Salvador — e não apenas em territórios do TCP.

"Esse não é um problema apenas do Rio. Virou um problema das grandes cidades", afirma Miranda, que coordena o Ginga-UFF, grupo de pesquisa dedicado a conflitos de natureza étnica, racial e religiosa.

"Em Fortaleza, por exemplo, vimos a mesma estratégia em favelas do Comando Vermelho [CV]. Eles [traficantes] entram nas áreas, quebram objetos, picham paredes e assinam 'CV abençoado."

Miranda fala em "traficrentes" para descrever o fenômeno. Há quem se refira a narcopentecostais ou a traficantes evangélicos.

São denominações que despertam controvérsias, não só pela própria natureza dos termos.

Também pela incompatibilidade que muitos enxergam entre seguir esta fé e levar uma vida no crime.

O que para alguns pesquisadores é uma apropriação estratégica pelos traficantes em busca de legitimação e poder, é, para outros, um fenômeno natural em um país cada vez mais evangélico.

A população evangélica no Brasil tem aumentado rapidamente, e há projeções que indicam que pode ultrapassar a de católicos na próxima década, passando a compor o principal grupo religioso do país.

À medida que a presença evangélica aumenta na sociedade, a capilaridade e o estilo carismático sobretudo de denominações neopentecostais tornam sua presença expressiva em periferias e favelas.

Criminosos que exercem muitas vezes controle sobre esses locais não estão isentos desta influência.

De acordo com Christina Vital, professora de sociologia da UFF, o "cerco" para moradores de comunidades vem se apertando em múltiplos níveis — político, territorial, emocional, de consumo.

No caso do Complexo de Israel, soma-se um cerco à religião, que ocorre de forma "muito significativa".

"Os moradores de lá podem professar outras religiões, mas sem dar visibilidade a elas", afirma Vital, que coordena o Laboratório de Estudos Sócio Antropológicos em Política, Arte e Religião (Lepar/UFF).

"Não é folclore, não é exagero falar de intolerância religiosa naquele território."

De acordo com a pesquisadora, terreiros de umbanda e candomblé foram fechados não apenas dentro das comunidades do complexo, como também nos bairros da cercania.

Em julho deste ano, houve relatos publicados na imprensa de que algumas paróquias católicas na Zona Norte do Rio haviam sofrido represálias e cancelado missas e atividades, o que Arquidiocese do Rio de Janeiro negou.

De acordo com Vivian Costa, o catolicismo no complexo também passou a ser celebrado forma mais privada, sem ocupar praças ou pendurar faixas nas ruas.

O preconceito sofrido por religiões de matriz africana é histórico e está longe de vir apenas de traficantes.

Mas os ataques têm impacto mais grave e abrangente quando partem desses grupos, diz Rita Salim, que comanda a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Rio.

"Esses casos têm maior gravidade porque partem de uma organização criminosa, por um grupo com um líder, que impõe medo a todo o território que domina", afirma a delegada.

"Ele consegue concretizar aquele crime sem muita resistência, já que aquele espaço é dele. Dificilmente a vítima vai chamar a polícia ou fazer um registro de ocorrência, porque fica receosa."

De acordo com ela, alguns casos são o suficiente para dar o exemplo e ditar a norma de que "somente uma fé pode ser professada aqui".

Apesar de o temor inibir denúncias, Salim ressalta um mandado de prisão emitido contra o traficante que chefia o Complexo de Israel, acusado de ordenar o ataque de templos de matriz africana em outra comunidade, na Baixada Fluminense.

 

 

'Neocruzada'

 

Casos de extremismo religioso ligados ao tráfico de drogas nas comunidades do Rio começaram a despertar alarme no início dos anos 2000.

Mas o problema tem aumentado de forma dramática, de acordo com o babalorixá Márcio de Jagun, à frente da Coordenadoria de Diversidade Religiosa da Prefeitura do Rio de Janeiro.

Jagun diz que o problema tem se espalhando pelo Brasil, com ataques do gênero vistos em outras cidades.

"Isso é uma forma de neocruzada", afirma Jagun.

"O preconceito por trás desses ataques é religioso e étnico, discriminando religiões de matriz africana que são demonizadas há 500 anos, com foras da lei alegando querer banir o mal em nome de Deus."

Mas religião e crime sempre se entrelaçaram no Brasil, enfatiza a teóloga Vivian Costa.

No passado, traficantes pediam proteção a entidades afrobrasileiras e santos católicos.

"Se olharmos para o nascimento do Comando Vermelho e depois do Terceiro Comando e do TCP, a presença do catolicismo e das religiosidades afro estão ali desde a sua gênese", descreve.

"Nós vamos ver a presença de São Jorge, a presença de Ogum, os corpos fechados, as tatuagens, as guias, os crucifixos, os cultos, as velas, as oferendas. Por isso, chamar de narcopentecostalismo é reduzir essa relação tão presente, tão sólida, tão histórica e tradicional do crime com a religião."

Costa prefere falar em uma "narcorreligiosidade", abarcando uma relação entre religião e tráfico que sempre existiu e agora se reconfigurou para abarcar a crença evangélica, reflexo do espaço e expressão que esta ganhou na sociedade.

Um fuzil e a Bíblia

O pastor Diego Nascimento é um exemplo de outra dimensão na relação da religião com o crime: a de porta de saída.

Ele tem experiência nas duas frentes, o tráfico e a fé, embora não ao mesmo tempo.

O pastor se tornou cristão depois de ouvir o evangelho pregado por outro traficante, empunhando um fuzil.

É difícil imaginar que o pastor de 42 anos da Igreja Metodista Wesleyana, com jeito jovem, sorriso fácil e covinhas, foi outrora o DG da Vila Kennedy, chefe do tráfico na comunidade onde nasceu e cresceu, na Zona Oeste do Rio, onde agia como braço local do Comando Vermelho.

Nascimento passou quase quatro anos na prisão por tráfico de drogas, preso portando mais de 200 envelopes de cocaína.

Mas o cárcere não o dissuadiu da vida no crime. Foi o crack que levou a um beco sem saída: ele foi consumido pelo vício e perdeu a confiança da organização criminosa.

"Perdi a minha família, fui para as drogas, morei na rua quase um ano. Cheguei ao ponto de vender as coisas de dentro de casa para usar o crack", conta.

Quando estava no fundo do poço, um traficante com autoridade na comunidade mandou chamá-lo.

"Cheguei todo sujo e ele começou a falar de Jesus para mim. Disse que aquilo não era vida para mim, e que quando ele se envolveu no tráfico, ele se espelhava em mim e queria ser como eu", lembra.

"Ele começou a pregar e a dizer que ainda tinha jeito para mim, que era só eu aceitar Jesus. E ali eu tomei uma atitude de ir para uma igreja."

O jovem viciado seguiu o conselho do traficante e procurou uma igreja, começando sua jornada para o púlpito. O traficante que pregou para ele com um fuzil já morreu, como outros amigos que pastor Diego viu serem levados pelo crime.

O pastor ainda passa tempo com criminosos, mas, hoje, é por meio de seu trabalho pregando nos presídios do Complexo de Bangu, onde ele tenta ajudar outras pessoas a mudar suas vidas, dando seu próprio testemunho como exemplo de que é possível.

Apesar de ter se convertido graças a um traficante, o pastor Diego considera, assim como diversos outros que seguem esta mesma fé, que a ideia de criminosos evangélicos é uma contradição em termos.

"Não os vejo como pessoas que se acham evangélicas", afirma o pastor.

"Vejo pelo lado do temor a Deus de quem sabe que está levando a vida errada e que quem guarda a vida deles é Deus. Acredito que não existe isso de juntar as duas coisas", prossegue.

"Se a pessoa aceita Jesus e segue os mandamentos bíblicos, não pode estar no tráfico."

 

 

 

 

Terça, 24 Dezembro 2024 01:49

Indecente, inconsequente e inaceitável!

O site do INCT INEAC republica aqui o artigo do antropógo Lenin Pires (IAC/UFF) , publicado no site GGN - https://jornalggn.com.br/seguranca-publica/indecente-inconsequente-e-inaceitavel-por-lenin-pires/

Indecente, inconsequente e inaceitável!

por Lenin Pires

O governador do Rio de Janeiro desferiu um forte tapa na cara da sociedade fluminense. É a sensação que fica de sua entrevista concedida pelo governador do estado do Rio de Janeiro, Claudio Castro, ao Jornal O Globo, na edição de domingo, 22/12/2024. Nela o mandatário estadual afirma não ter responsabilidade alguma com a segurança pública. Com a desfaçatez habitual atribui ao prefeito municipal e ao governo federal responsabilidades pelo grave momento vivenciado no estado. É gritante, por exemplo, o aumento de mais de 50% de roubos de veículos e de cargas, além de outros delitos. Mas o problema, para ele, se combate apenas nas fronteiras. Em um festival de esquivas, dignas de um gorila em uma loja de porcelanas, preocupa-se muito mais em proferir conteúdos fascistóides do que dialogar com a população apresentando iniciativas palpáveis para a matéria.

O governador em seu delírio escorregadiço, também fez sobrar para o Poder Judiciário.  A busca por mitigar torturas através das audiências de custódia, por exemplo, é interpretada como uma ameaça à sua noção de ordem pública. A ADPF 635 é outra medida criticada. Segundo seu ponto de vista, há uma relação entre a redução da letalidade policial no Rio e o aumento da criminalidade. “Não é que a polícia precise matar mais, ela precisa poder fazer o trabalho dela”, diz ele, assumindo que a consequência acaba sendo aumentar a letalidade. Mas ele jura que não é o objetivo, muito embora avalie os governadores de São Paulo e de Goiás positivamente, diante do aumento da letalidade policial em seus respectivos estados. Uma indecência para com o discernimento e paciência alheios.

Inconsequentemente, o governador (?) assume com todas as letras que seu repertório de ações na área de segurança pública é restrito. Seu horizonte mira apenas nas operações policiais em favelas. Este último, aliás, qualificado como “o trabalho” da Polícia. Trabalho este que, assume Castro, aumenta a letalidade policial. Letalidade esta, como sabemos, que atinge jovens pretos e pardos, entre 15 e 29 anos, moradores de periferias. Estes últimos, segundo os dados comutados pelo Atlas da Violência, configuram o público preferencial desta mesma letalidade. Para as cucuias, portanto, foram enviados todos os esforços e gastos com equipamentos, tecnologias e capacitação de agentes para implementar iniciativas de inteligência policial para prevenção ou resolução de crimes.

 
A entrevista do sr. Cláudio Castro, no que concerne a temática da segurança pública no Rio de Janeiro, é inaceitável. Que ele queira seguir bajulando o ex-presidente e fazer oposição ao atual, isso é um problema dele. O nosso problema é que seus 43 mil policiais que, segundo afirma, recebem o terceiro melhor salário do país estão à deriva. Que o digam pessoas que perdem seus bens e se sentem abandonados por estas forças. Sob a batuta deste senhor, estão perdendo a disputa pela manutenção da ordem pública. Enquanto vemos a segurança pública afundando, são mantidas secretarias de policiais isoladas em si mesmo, sem menor menção de unificar esforços. A Secretaria de Segurança Pública, recriada há pouca, segue operando no vazio. Com orçamento reduzido e com um secretário sem autoridade no campo, parece estar fadada a ser mais um entre os vários cabides de emprego que aquece o apetite voraz base de apoio do governador.
 Não me parece haver contradição entre fazer oposição e não negligenciar eventuais apoios que o governo federal, ou mesmo prefeituras que não se alinhem ao seu espectro político, possam e devam dar. Afinal, é com inteligência e perspicácia que se deve governar. Mas, infelizmente, estes parecem ser dimensões que faltam, em muito, ao modelo de gestão em operação no estado do Rio de Janeiro há algum tempo. Em especial, no que concerne a segurança pública.  

Lenin Pires – Antropólogo e Professor do Depto de Segurança Pública/UFF

 

 

Terça, 24 Dezembro 2024 01:49

Indecente, inconsequente e inaceitável!

O site do INCT INEAC republica aqui o artigo do antropógo Lenin Pires (IAC/UFF) , publicado no site GGN - https://jornalggn.com.br/seguranca-publica/indecente-inconsequente-e-inaceitavel-por-lenin-pires/

Indecente, inconsequente e inaceitável!

por Lenin Pires

O governador do Rio de Janeiro desferiu um forte tapa na cara da sociedade fluminense. É a sensação que fica de sua entrevista concedida pelo governador do estado do Rio de Janeiro, Claudio Castro, ao Jornal O Globo, na edição de domingo, 22/12/2024. Nela o mandatário estadual afirma não ter responsabilidade alguma com a segurança pública. Com a desfaçatez habitual atribui ao prefeito municipal e ao governo federal responsabilidades pelo grave momento vivenciado no estado. É gritante, por exemplo, o aumento de mais de 50% de roubos de veículos e de cargas, além de outros delitos. Mas o problema, para ele, se combate apenas nas fronteiras. Em um festival de esquivas, dignas de um gorila em uma loja de porcelanas, preocupa-se muito mais em proferir conteúdos fascistóides do que dialogar com a população apresentando iniciativas palpáveis para a matéria.

O governador em seu delírio escorregadiço, também fez sobrar para o Poder Judiciário.  A busca por mitigar torturas através das audiências de custódia, por exemplo, é interpretada como uma ameaça à sua noção de ordem pública. A ADPF 635 é outra medida criticada. Segundo seu ponto de vista, há uma relação entre a redução da letalidade policial no Rio e o aumento da criminalidade. “Não é que a polícia precise matar mais, ela precisa poder fazer o trabalho dela”, diz ele, assumindo que a consequência acaba sendo aumentar a letalidade. Mas ele jura que não é o objetivo, muito embora avalie os governadores de São Paulo e de Goiás positivamente, diante do aumento da letalidade policial em seus respectivos estados. Uma indecência para com o discernimento e paciência alheios.

Inconsequentemente, o governador (?) assume com todas as letras que seu repertório de ações na área de segurança pública é restrito. Seu horizonte mira apenas nas operações policiais em favelas. Este último, aliás, qualificado como “o trabalho” da Polícia. Trabalho este que, assume Castro, aumenta a letalidade policial. Letalidade esta, como sabemos, que atinge jovens pretos e pardos, entre 15 e 29 anos, moradores de periferias. Estes últimos, segundo os dados comutados pelo Atlas da Violência, configuram o público preferencial desta mesma letalidade. Para as cucuias, portanto, foram enviados todos os esforços e gastos com equipamentos, tecnologias e capacitação de agentes para implementar iniciativas de inteligência policial para prevenção ou resolução de crimes.

 
A entrevista do sr. Cláudio Castro, no que concerne a temática da segurança pública no Rio de Janeiro, é inaceitável. Que ele queira seguir bajulando o ex-presidente e fazer oposição ao atual, isso é um problema dele. O nosso problema é que seus 43 mil policiais que, segundo afirma, recebem o terceiro melhor salário do país estão à deriva. Que o digam pessoas que perdem seus bens e se sentem abandonados por estas forças. Sob a batuta deste senhor, estão perdendo a disputa pela manutenção da ordem pública. Enquanto vemos a segurança pública afundando, são mantidas secretarias de policiais isoladas em si mesmo, sem menor menção de unificar esforços. A Secretaria de Segurança Pública, recriada há pouca, segue operando no vazio. Com orçamento reduzido e com um secretário sem autoridade no campo, parece estar fadada a ser mais um entre os vários cabides de emprego que aquece o apetite voraz base de apoio do governador.
 Não me parece haver contradição entre fazer oposição e não negligenciar eventuais apoios que o governo federal, ou mesmo prefeituras que não se alinhem ao seu espectro político, possam e devam dar. Afinal, é com inteligência e perspicácia que se deve governar. Mas, infelizmente, estes parecem ser dimensões que faltam, em muito, ao modelo de gestão em operação no estado do Rio de Janeiro há algum tempo. Em especial, no que concerne a segurança pública.  

Lenin Pires – Antropólogo e Professor do Depto de Segurança Pública/UFF

 

 

O Ginga, em parceria com a Defensoria Pública da União, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro e o Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), convida toda a comunidade para o evento "Entre o Som e o Silêncio: A Lei e os Direitos dos Povos de Terreiro".

O encontro acontecerá nos dias 5 e 6 de dezembro de 2024, no Centro Cultural Justiça Federal, localizado na Avenida Rio Branco, 241, Centro, Rio de Janeiro.

O evento é uma oportunidade de reunir lideranças, especialistas e participantes interessados na luta pelos direitos dos povos de terreiro. A programação contará com debates, exibição de filmes, apresentação de resultados de grupos de trabalho e muito mais. Serão dois dias dedicados a compartilhar saberes e propor ideias para fortalecer a resistência e garantir os direitos das comunidades tradicionais.

Destaques da programação:

  • 05/12

    • 9h: Abertura do evento com representantes da Defensoria Pública e especialistas.
    • 10h30: Cine-Debate "Os Caminhos de Xangô".
    • 14h30: Grupo de Trabalho com lideranças de terreiro.
    • 16h: Café da tarde.
  • 06/12

    • 9h: Café da manhã.
    • 10h: Apresentação dos resultados do Grupo de Trabalho, com mediação do Ginga-UFF.

Inscreva-se agora:
Quer participar? As inscrições são gratuitas e podem ser feitas aqui.

Acompanhe mais detalhes da programação no Instagram @gingauff.

Realização:
Defensoria Pública da União, Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, Centro Cultural Justiça Federal e Ginga-UFF.

Não perca essa oportunidade de fazer parte dessa importante discussão e luta por igualdade e respeito aos direitos dos povos de terreiro!

 

 

 

O site do INCT INEAC disponibiliza aqui, O link para o certificados de participação e de ouvintes do I Seminário Internacional sobre Encarceramento e Assimetrias Federativas em Perspectiva Comparada no Brasil e no Exterior em conjunto com o IX Encontro de Pesquisas em Administração de Conflitos do PPGD/UVA.

Link de acesso aos certificados:
https://drive.google.com/drive/folders/1JBCcHPkB85HVqpXYuIpgk3Aq1Ph9Paof?usp=drive_link

 

 

 

 Mês de dezembro acontece no IAC/UFF os Minicursos - Saberes e Práticas de Pesquisa: Policiamento, Racismo, Gênero e Juventudes Periféricas. Essa série de atividades busca reunir especialistas para reflexões aprofundadas sobre questões fundamentais das ciências sociais, abordando dinâmicas de segurança pública, relações de gênero e raciais, e os desafios enfrentados por juventudes periféricas no Brasil.

O evento ocorrerá no Auditório do IEAC-UFF, sempre das 14h30 às 17h30, com emissão de certificados de 3 horas para os participantes. Confira os temas e as palestrantes:

  • 05 de dezembro
    Tema: Dinâmica Criminal na Baixada Fluminense: Mortes, Desaparecimentos e Dispositivos do Terror
    Ministrado por: Profª. Drª. Nalayne Pinto (UFRRJ)

  • 12 de dezembro
    Tema: Segurança Pública e Racismo Institucional
    Ministrado por: Profª. Drª. Jacqueline Sinhoretto (UFSCar)

  • 13 de dezembro
    Tema: Juventudes, Violência e Estilos de Masculinidades: Apontamentos
    Ministrado por: Profª. Drª. Fatima Cecchetto (Fiocruz)

  • 18 de dezembro
    Tema: Policiamento, Juventudes e Relações Raciais a partir do Planalto Central
    Ministrado por: Profª. Drª. Haydée Caruso (SOL/UnB)

Os minicursos são promovidos em parceria com instituições como a Fiocruz, SOL/UnB, e o programa DSP, além de integrarem iniciativas do Projeto CAPO. A programação tem como objetivo incentivar diálogos críticos e fomentar trocas de saberes entre a academia e a sociedade, contribuindo para uma análise mais ampla e inclusiva sobre as desigualdades e os conflitos sociais no Brasil.

Para mais informações e inscrições, acesse o perfil do Projeto CAPO no Instagram: @projetocapo.

Garanta sua participação e esteja presente nesse espaço de aprendizado e discussão sobre temas tão relevantes para o contexto atual!

 

O pesquisador Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, vinculado ao INCT INEAC, participou do evento “Los desafíos a las políticas de seguridad ciudadana en las democracias de América Latina”, realizado como parte do ciclo de conversatórios intitulado “Las violencias y los riesgos para la Democracia en América Latina y el Caribe”. O evento foi transmitido ao vivo no dia 28 de outubro de 2024 e permanece disponível para o público no canal do YouTube.

Assista aqui:

Los desafíos a las políticas de seguridad ciudadana – Ciclo de Conversatorios - https://www.youtube.com/watch?v=UkMi_TgZAPY

 

O debate abordou os principais desafios enfrentados pelas políticas de segurança cidadã nos países da América Latina, com ênfase na necessidade de equilibrar a segurança pública com a garantia dos direitos humanos. Durante a discussão, foi ressaltado que políticas públicas eficazes devem evitar diagnósticos discriminatórios, construindo problemas sociais de forma democrática e inclusiva.

Entre os desafios destacados, está a superação de tendências seletivas que muitas vezes associam setores sociais desfavorecidos a fatores de insegurança. Os palestrantes também enfatizaram a importância de construir políticas baseadas em alianças entre diferentes setores políticos, sociais e institucionais, garantindo que essas iniciativas promovam justiça e equidade na formulação de políticas públicas de segurança.

O evento contou com a participação de renomados especialistas da América Latina:

  • Julio Solis Moreira (Costa Rica)
  • Roberto Briceño-León (Venezuela)
  • Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo (Brasil)
  • Luciana Scaraffuni Ribeiro (Uruguai)

A iniciativa foi organizada por uma parceria entre diversos grupos e instituições de pesquisa, como o Grupo de Trabalho CLACSO Violencias, Gobiernos y Democracia, o Centro de Investigaciones en Gubernamentalidad y Estado (CIGE), e programas de pós-graduação da Universidade Nacional de Rosário (Argentina) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Brasil).

 

No próximo dia 27 de novembro de 2024, o Instituto Liberdade e Emancipação (ILÊ) será oficialmente lançado em um evento especial no INCT-InEAC, localizado na sala 10 do Campus do Valonguinho, da Universidade Federal Fluminense (UFF). A programação acontecerá das 14h às 20h.

O ILÊ, sigla para Instituto Liberdade e Emancipação, surge como uma iniciativa voltada para a promoção de reflexões e ações sobre temas ligados à liberdade, cidadania e justiça social. Com uma proposta de emancipação social fundamentada em estudos e práticas transformadoras, o instituto busca atuar como um espaço de diálogo interdisciplinar e colaborativo.

O evento de lançamento contará com uma apresentação oficial da proposta do ILÊ e abordará os eixos temáticos que irão nortear suas atividades. Além disso, será uma oportunidade para o público conhecer mais sobre os parceiros envolvidos nesse projeto, incluindo o apoio do INCT-InEAC e do NSD.

A presença de pesquisadores, estudantes e demais interessados em temáticas de liberdade e cidadania será essencial para enriquecer o debate e fortalecer as redes de colaboração.

Serviço:

  • Evento: Lançamento do Instituto Liberdade e Emancipação (ILÊ)
  • Data: 27 de novembro de 2024
  • Horário: 14h às 20h
  • Local: INCT-InEAC, sala 10, Campus Valonguinho, UFF

 

O Lançamento do Instituto Liberdade e Emancipação (ILÊ) será transmitido pelo LEMI pelo link - https://www.youtube.com/watch?v=5dcM8ZS0cJo

 

Militares planejavam matar Lula e Moraes: democracia em colapso? | Conversas Cruzadas | 19/11/2024

No dia 19 de novembro de 2024, o pesquisador Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, vinculado ao INCT INEAC, participou ao vivo do programa Conversas Cruzadas, transmitido pelo canal de YouTube da GZH. O programa abordou a Operação Contragolpe, conduzida pela Polícia Federal, que resultou na prisão de cinco pessoas suspeitas de planejar um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Entre os detalhes revelados pela operação, destaca-se o plano denominado "Punhal Verde e Amarelo", que previa a execução do então presidente eleito Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O plano tinha como objetivo atacar as principais lideranças políticas e enfraquecer o Poder Judiciário.

O programa, comandado pelo jornalista Léo Saballa Jr., reuniu Rodrigo Azevedo, doutor em Sociologia pela UFRGS e professor titular da Escola de Direito da PUCRS, e José Carlos Moreira da Silva Filho, doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná e professor do Programa de Pós-graduação em Ciências Criminais da PUCRS. Os dois especialistas discutiram os desdobramentos políticos e jurídicos da operação e os impactos nas instituições democráticas brasileiras.

Rodrigo Azevedo trouxe reflexões sobre o papel das instituições na preservação do Estado de Direito e na contenção de crises políticas, destacando a importância do fortalecimento das instituições democráticas frente a ameaças golpistas.

O debate completo está disponível no YouTube, no canal de GZH, e pode ser assistido aqui.

https://www.youtube.com/live/TMMu7DGr31A

 

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