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Nos dias 21 e 22 de outubro ocorrerá o Seminário Policiamento Ostensivo e Relações Raciais, que divulga os resultados da pesquisa coordenada pela UFSCar, num projeto em rede, com o apoio do INCT-InEAC, feito nos estados de SP, MG, RS e DF. A pesquisa enfocou o modelo de policiamento ostensivo e seus impactos na produção da desigualdade racial na segurança pública. A pesquisa foi financiada com recursos do CNPq.
Foram analisados dados quantitativos de prisões em flagrante e letalidade policial por cor/raça. Foram feitas entrevistas em profundidade com policiais militares sobre o tema polícia e racismo, permitindo conhecer o que policiais brancos e negros, oficiais e praças, pensam sobre o tema. O seminário contará com a exposição de pesquisadores e o comentário de policiais sobre os resultados encontrados.
Os resultados apontam que pessoas negras sofrem de 3 a 7 vezes mais punições do que as pessoas brancas.
Os policiais associam pessoas negras a atitudes “suspeitas”. A proporção de prisões em flagrante de pessoas negras em relação às brancas chega a ser até quatro vezes maior (ponderando o número de brancos e negros na população). As pessoas negras são alvo mais frequente de uso letal da força. A depender do ano e do distrito, a chance matemática de uma pessoa negra ser morta pela polícia é de 3 a 7 vezes maior do que a chance de um branco receber o mesmo tratamento. Esse quadro foi obtido por meio de dados oficiais de São Paulo e Minas Gerais, pois a deficiência das estatísticas dificulta fazer o acompanhamento em todos os estados.
Os policiais explicam que seu trabalho é baseado na busca ativa de atitudes suspeitas, que a grande maioria dos policiais descreve como sendo características corporais, de vestimenta, de gestual, de modo de andar e olhar, e até de cortar o cabelo. Dessa forma, não são atitudes impessoais que eles procuram, mas tipos físicos estigmatizados, estereótipos sobre o corpo e características culturais forjadas pelo racismo.
As instituições negam a existência de evidências de discriminação racial na atuação policial, o que dificulta discutir soluções para reverter o quadro e melhorar as técnicas de trabalho policial. Os cursos preparatórios não discutem diretamente os efeitos perversos do uso da força letal ou da filtragem racial, que vão desde o constrangimento sistêmico das pessoas negras em sua liberdade de ir e vir, à experiência de ser vítima da brutalidade policial; da desconfiança sistemática na relação polícia-sociedade, até a impunidade de pessoas brancas que cometem crimes sem se tornarem alvo da vigilância das guarnições.
As polícias não ensinam outros métodos de como fazer o trabalho preventivo sem que os policiais tenham que usar o olhar sobre o corpo como única base de sua decisão de intervir. Mesmo a tecnologia de informação empregada na ação policial está baseada em identificar corpos e rostos suspeitos e destacá-los da multidão.
Os policiais negros ouvidos pela pesquisa sabem que o método é discriminatório e violento. Alguns sentem receio de serem abordados por colegas quando estão a paisana ou dirigindo seus carros particulares. Os policiais também afirmam o orgulho de participar de uma corporação que emprega profissionais negros e favorece sua ascensão social, por meio do concurso público. A maioria dos policiais admite que exista racismo na sociedade brasileira, mas nega que a polícia seja parte do problema e, portanto, que possa fazer parte da solução.
Serviço: Seminário Policiamento Ostensivo e Relações Raciais
Dias: 21 e 22 de outubro de 2020, às 16 horas
Meio: Canal do Youtube do InEAC
Contato: Jacqueline Sinhoretto (Professora do Depto de Sociologia da UFSCar): (11) 99707- 5187 ; Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Relatório completo da pesquisa disponível em http://www.gevac.ufscar.br/policiamentoostensivo-e-relacoes-raciais-relatorio-de-pesquisa/
No dia 21 de outubro será divulgado o sumário executivo, com os principais achados da pesquisa, no link acima.
Programação do seminário:
MESA I – POLICIAMENTO OSTENSIVO E FILTRAGEM RACIAL (21/10, 16h)
Eduardo Batitucci (FJP/InEAC)
Henrique Macedo (UFSCar/InEAC)
Gilvan Gomes da Silva (UnB/PMDF)
Juliana Leme (UFF/PMMG)
Mediação: Jacqueline Sinhoretto (UFSCar/InEAC)
MESA II – POLICIAIS E DESIGUALDADES RACIAIS (22/10, 16h)
Haydée Caruso (UnB/InEAC)
Felipe Zilli (FJP/InEAC)
Luiza Dutra (PUCRS/InEAC)
Major Albuquerque (BM-RS)
Mediação: Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo (PUCRS/InEAC)
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Jornalista Claudio Salles
Bolsista Bruna Alvarenga
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