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Sábado, 05 Outubro 2024 02:03

NEOM publica Carta sobre a situação humanitária no Líbano

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Reproduzimos aqui a Carta sobre a situação humanitária no Líbano, publicada pelo NEOM - NÚCLEO DE ESTUDOS SOBRE O ORIENTE MÉDIO (UFF)  na Revista Diáspora  https://neom.uff.br/revistadiaspora/

Carta sobre a situação humanitária no Líbano

Nós, pesquisadores e pesquisadoras do Núcleo de Estudos do Oriente Médio (NEOMUFF), manifestamos preocupação e repúdio aos ataques militares perpetrados pelo Estado de Israel contra o Líbano, que ocorrem desde 8 de outubro de 2023. Os ataques se intensificaram a partir de setembro de 2024, trazendo graves consequências à vida de civis locais e à soberania do Estado libanês.

A escalada de violência e intensificação dos bombardeios israelenses em diversas regiões do país, principalmente no sul, no Bekaa e na capital Beirute já provocou mais de 1000 mortes e 1 milhão de deslocados internos, de acordo com o governo libanês. Além disso, destaca-se a situação de insegurança e terror enfrentada pela população civil diante dos bombardeios diários em bairros densamente povoados, como os do sul de Beirute e os ataques mais recentes à Kola, região central da capital. Por fim, do ponto de vista econômico, embora ainda não seja possível estimar os impactos causados pelos ataques à infraestrutura do país e à interrupção da rotina de trabalho em diversas regiões, o futuro é desesperador para a população libanesa que enfrenta a maior crise financeira de sua história.

É importante destacar que essa não é a primeira vez que o exército israelense viola o direito internacional e os direitos humanos em território libanês. Em 1982, Israel invadiu o sul do Líbano e ocupou o país até o ano 2000, período marcado por uma série de atos de violência contra a população local. Um dos episódios mais trágicos foi a participação do exército israelense no massacre de palestinos em Sabra e Chatila ocorrido em setembro de 1982, resultando na morte de milhares de pessoas. Além disso, em 2006, durante a Guerra do Líbano, milhares de civis libaneses sofreram novamente com bombardeios e ataques aéreos que deixaram cerca de 1.200 mortos, a maioria dos quais civis, além de ferir e deslocar centenas de milhares de pessoas, agravando a crise humanitária e destruindo grande parte da infraestrutura do país.

A atual ofensiva israelense ao Líbano está inserida no contexto da guerra contra Gaza e o corrente genocídio da população palestina. Com os ataques militares ao Líbano, Israel pretende eliminar o Hezbollah como força política. As ações do Estado de Israel em busca de uma solução militar para um problema de natureza política infligem morte, sofrimento e destruição desmesurada à população civil libanesa, o que constitui claramente crime de guerra vis-à-vis à lei humanitária internacional.

Diante desse cenário, agravado pelo início de um ataque terrestre de Israel no sul do território libanês, reafirmamos que os direitos humanos e o direito internacional humanitário devem ser respeitados por todos os Estados e partes envolvidas em conflitos. É imperativo que as ações militares sejam substituídas por negociações políticas tendo como objetivo o fim da ocupação israelense dos territórios palestinos e a solução das questões territoriais e políticas entre Líbano e Israel.

Por fim, expressamos nossa solidariedade às vítimas civis do corrente conflito e à população libanesa que se vê diante de uma agressão militar e da destruição da infraestrutura essencial para a sua vida cotidiana. Como acadêmicos, continuaremos a trabalhar pela produção de conhecimento e pela preservação da dignidade humana. Urgimos que a Associação Brasileira de Antropologia se manifeste diante dessa grave violação do direito humanitário internacional e dos direitos humanos das populações palestina e libanesa.

Rio de Janeiro, 03 de outubro de 2024,

Núcleo de Estudos do Oriente Médio (NEOM/UFF)

 

Pesquisadores:

  • Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto (coordenador/NEOM-UFF)
  • Gisele Fonseca Chagas (vice-coordenadora/NEOM/UFF)
  • Barbara Caramuru (NEOM/UFF)
  • Daniele Regina Abilas (NEOM-UFF)
  • Helena de Morais Manfrinato Othman (NEOM-UFF)
  • Julio D’Angelo Davies (NEOM-UFF)
  • Leonardo Schiocchet (NEOM-UFF)
  • Liza Dumovich Barros (NEOM-UFF)
  • Mirian Alves Souza (NEOM-UFF)
  • Rodrigo Ayupe Bueno da Cruz (NEOM-UFF)Tiago Duarte Dias (NEOM-UFF)

Também assinam:

  • Ana Paula Mendes Miranda (coordenadora/GINGA-UFF)
  • Antonio Carlos de Souza Lima (Co-coordenador do Laced/MN e PPGA/UFF)
  • Danny Zahreddine (coordenador/ GEOMM – PUC Minas)
  • Francirosy Campos Barbosa (coordenadora/GRACIAS-USP)
  • Francisco Freire (CRIA- FCSH NOVA)
  • Kátia Sento Sé Mello (UFRJ)
  • Laura Graziela Figueiredo Fernandes Gomes (PPGA/InEAC/NEMO- UFF)
  • Lenin Pires (Coordenador LAESP/UFF)
  • Luiz Fernando Rojo Mattos (Professor GAP/UFF)
  • Marco Antonio da Silva Mello (coordenador/LeMetro – UFF)
  • Maria Cardeira da Silva (CRIA/AZIMUTE- FCSH NOVA)
  • Maria Victoria Pita (FFyL-UBA; CONICET-ICA)
  • Murilo Sebe Bon Meihy (coordenador/AZIMUTE-UFRJ)
  • Natália Helou Fazzione (Pagu-UNICAMP)
  • Raquel Carvalheira (CRIA- FCSH NOVA)
  • Roberto Kant de Lima (coordenador/INCT-InEAC – UFF)
  • Rodrigo Chafareddine Bulamah (ICS-UERJ)
  • Samira Adel Osman (coordenadora do LEOA-UNIFESP)
  • Silvia Montenegro (CONICET-UNR)

 

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